O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou ao menos R$ 27 milhões em gastos com o cartão corporativo nos quatro anos do seu governo, o que dá uma média de R$ 6,9 milhões por ano. As informações foram disponibilizadas a pedido da Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas.
As aguardadas informações, postas em sigilo de 100 anos pelo ex-presidente, vieram a público porque a Secretaria-Geral da Presidência da República atendeu a pedido da Fiquem Sabendo e disponibilizou dados em transparência ativa, inclusive de outros ex-presidentes de 2003 a 2022. A partir de agora, tanto os gastos de Bolsonaro quanto de outros ex-presidentes estarão disponíveis no site do governo federal, neste link.
A planilha com os dados mostra gastos exorbitantes feitos por Bolsonaro ao longo da sua gestão. Dentre alguns exemplos estão cerca de R$ 33 mil usados em padaria de luxo chamda Santa Marta no dia 22 de maio de 2021, na véspera de uma motociata realizada no Rio de Janeiro. Ao todo, o estabelecimento recebeu R$ 362 mil do cartão corporativo durante o governo Bolsonaro.
Outro gasto suspeito foi com uma pousada chamada GPT Hotelaria, em Passo Fundo (RS) no dia 31 de dezembro de 2022, no valor de R$ 25.180,35. Detalhe: a rede possui capital social de R$ 50.000,00. O maior gasto com o cartão, no entanto, foi com o Ferrareto Hotel, onde Bolsonaro se hospedava no Guarujá, no litoral paulista, em um total de R$ 1,46 milhão. Há indícios de superfaturamento pois as diárias variam entre R$ 436 a R$ 940. Considerando um valor médio de R$ 500, Bolsonaro teria desembolsado um valor para pagar 2,9 mil diárias no hotel.
Criado na gestão de Luís Inácio Lula da Silva em 2003, o cartão corporativo atingiu seu maior número de gastos durante o governo Bolsonaro. Lula gastou R$ 22 milhões tanto no primeiro, quanto no segundo mandato. Dilma Rousseff (PT) usou R$ 24 milhões em seu primeiro mandato e Michel Temer utilizou R$ 18 milhões.
Segundo o texto da Lei de Acesso à Informação (LAI) e as interpretações que vinham sendo dadas pelo governo federal nos últimos anos, o sigilo de gastos do cartão corporativo só vale até o fim do mandato do presidente. Após isso, a informação é, em tese, automaticamente pública, segundo a lei. Até o momento não foram disponibilizadas informações de nenhuma nota fiscal, que mostrariam o produto ou serviço específico adquirido.