Uma explosão nesta quinta-feira (26/08/21) do lado de fora do aeroporto de Cabul, no Afeganistão, deixou pelo menos 95 pessoas mortas, incluindo 13 soldados norte-americanos, além de crianças e guardas do Talibã. O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque.
O episódio abriu a maior crise do governo do presidente Joe Biden desde o início do seu mandato. Com a voz embargada de emoção, Biden prometeu que os EUA vão caçar os responsáveis pelas duas explosões ocorridas mais cedo no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, e disse que pediu ao Pentágono que desenvolva planos de ataque aos militantes islâmicos responsáveis pela ação.
“Não vamos perdoar, não vamos esquecer. Vamos caçá-los e fazê-los pagar”, disse Biden em declarações na Casa Branca. Biden disse que os voos de retirada dos EUA no Afeganistão continuarão. Ele não deu qualquer indicação de mudança na meta de encerrar as retiradas até a próxima terça-feira (31).
“Também ordenei aos meus comandantes que desenvolvam planos operacionais para atacar os meios, lideranças e instalações do ISIS-K (Estado Islâmico-Khorasan). Responderemos com força e precisão em nosso momento, no lugar que escolhermos e no momento de nossa escolha”, disse Biden.
O presidente dos EUA sofre fortes críticas pela decisão de manter a retirada das tropas, o que permitiu a retomada do poder pelo Taliban, o que ameaça a já instável região. Além disso, seus problemas internos não são menores. Ainda reflexo da grande polarização do país entre democratas e republicanos que marcou a eleição de 2020, Biden enfrenta forte rejeição de parte dos cidadãos, o que se reflete inclusive na pandemia.
Pra se ter uma ideia, estados de maioria de eleitores republicanos como Alabama e Flórida possuem as menores taxas de vacinação contra a Covid-19 no país e sofrem com o colapso na sua rede hospitalar. Nesse contexto complicado, o fiasco no Afeganistão aumenta a pressão sobre seu governo.
Retirada
Um deslocamento aéreo em massa de estrangeiros e suas famílias, bem como de alguns afegãos, está em andamento desde o dia anterior à tomada de Cabul pelas forças do Talibã, em 15 de agosto. O grupo islâmico avançou rapidamente pelo país com a retirada das tropas norte-americanas e aliadas.
Os Estados Unidos têm se apressado para retirar cidadãos norte-americanos e afegãos de Cabul antes do prazo final para a conclusão da retirada de suas tropas, em 31 de agosto.
Em alerta emitido nessa quarta-feira (25/08/21), a embaixada dos Estados Unidos em Cabul aconselhou os cidadãos a evitar o aeroporto, acrescentando que aqueles que já estavam nos portões deveriam partir imediatamente, citando “ameaças à segurança” não especificadas. Um diplomata ocidental em Cabul informou que as áreas fora dos portões do aeroporto estavam “incrivelmente lotadas” novamente, apesar dos avisos.