Amazônia

Artistas e amigos prestam as últimas homenagens ao poeta Thiago de Mello

Um sarau póstumo com músicas e poemas marcou a despedida feita pelos amigos poetas, atores, o filho e a mulher do escritor Thiago de Mello, durante o velório, nesta sexta-feira (14/11/22), no Centro Cultural Palácio Rio Negro, Centro.

“Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar”. O verso é de Amadeu Thiago de Mello, ou simplesmente Thiago de Mello, poeta e tradutor amazonense que faleceu nesta sexta-feira (14) de causas naturais aos 95 anos. O corpo do poeta será velado no Centro Cultural Palácio Rio Negro, no centro de Manaus.

Considerado um dos poetas mais influentes e respeitados do país, reconhecido como ícone da literatura da Região Norte do Brasil, Thiago de Mello tem obras traduzidas para mais de 30 idiomas. Foi adido cultural do Brasil na Bolívia e no Chile. Preso durante o regime militar, exilou-se no Chile, onde encontrou no escritor Pablo Neruda um amigo e colaborador. Morou também na Argentina, em Portugal, na França e na Alemanha, antes de retornar ao país onde nasceu, com o fim da ditadura.

Outra grande contribuição de Thiago de Mello para a literatura brasileira é a obra intitulada Os Estatutos do Homem, que dedicou ao amigo Carlos Heitor Cony. Nos últimos versos do poema, Thiago cita: “A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente. Como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem”.

Ele relembrou a importância dos poetas para as sociedades há milênios, e de Thiago para a poesia brasileira e latino-americana, além de recitar os poemas “Da Eternidade” e “A Janela Encantada”, do livro “De uma vez por todas”, da vasta obra do escritor, composta de mais de 30 livros de poesia e prosa. “Este é um momento de passagem de um personagem histórico, de um homem e poeta que marcou a literatura e a cultura de nossa terra e nossa gente”, comentou Tenório.

Abrindo a homenagem, o secretário de Cultura e Economia Criativa (SEC), Marco Apolo Diniz, ressaltou a grandeza do poeta e sua obra para a cultura amazonense, amazônida, brasileira, latino-americana e aos muitos países onde Thiago foi publicado e amado pelos leitores. “Essa homenagem tem o simbolismo dado a um chefe de Estado pela importância de sua poesia para a nossa cultura e a imagem de nosso país no exterior”, destacou.

Homenagens

Durante o velório, duas participações marcantes foram feitas pelos atores e poetas amigos de Thiago, Dori Carvalho e Davi Almeida, que recitaram os poemas “Cantiga Quase de Roda”, do livro Faz Escuro, Mas Eu Canto, e “Silêncio e Palavra”, que dá título ao livro. O vice-presidente do Concultura, Neilo Batista, recitou um dos poemas mais importantes do poeta, “Faz Escuro, Mas Eu Canto”.

O nome do poeta esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter nesta manhã e, também, recebeu menções de instituições como Memorial da América Latina, além de destaque nos grandes veículos de comunicação. Entre eles Folha de São Paulo, O Globo, Estadão, Uol e G1.

“O Memorial da América Latina lamenta profundamente a morte do poeta e parceiro de longa data desta Fundação, Thiago de Mello, aos 95 anos de idade”, diz o trecho da publicação no Instagram. “O Memorial presta solidariedade aos amigos, família e a todos os fãs deste grande poeta que nos deixou hoje”.

O apresentador Luciano Huck destacou o poema “Faz Escuro Mas Eu Canto” no Twitter. “’Faz escuro mas eu canto’, verso de ‘Madrugada Camponesa’, de 1965, nunca foi tão atual. O autor Thiago de Mello nos deixou hoje. Ícone amazônico, o amor pelo poeta era do tamanho do Brasil. Meu carinho aos amigos e familiares”, escreveu.

Autor de 48 livros publicados e 750 mil exemplares vendidos, Fabricio Carpinejar publicou trechos do “Os Estatutos do Homem” no Instagram. “Não se morre mais depois de ler um poema de Thiago de Mello”, finalizou a homenagem

A jornalista Hildegard Angel enfatizou que a pior dor, a pior notícia é a morte de um poeta. “Aquele em contato direto com as divindades, as forças da natureza, o âmago dos sentimentos. Aquele que nos inspira alento, esperanças, entusiasmo e confiança no que há de belo no Homem. Morreu nosso grande poeta Thiago de Mello”, lamentou.

Sepultamento

O sepultamento está previsto para ocorrer neste sábado, 15, às 10h, no cemitério São João Batista, bairro Nossa Senhora das Graçcas, zona Centro-Sul, com trajeto saindo do Palácio Rio Negro e percorrendo as principais ruas do Centro, no carro do Corpo de Bombeiros, como forma de possibilitar que a população se despeça do poeta da Liberdade, da Utopia e da Natureza.

Com informações da Agência Brasil, Secom e Semcom

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