O Brasil mais uma vez amanheceu em estado de choque. Um homem de aproximadamente 25 anos de idade invadiu, nesta quarta-feira (05/04/2023), a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, matando quatro crianças e ferindo três. A Polícia Civil informou que o autor do atentado foi preso após se entregar na central de plantão policial da região.
Segundo levantamento realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicado na revista Cenarium, cerca de 23 registros de ataques nas escolas brasileiras desde 2002. O problema é que esse número vem aumentando assustadoramente. Somente nos últimos noves meses, foram dez atentados nas unidades de ensino. Ao todo 24 estudantes, quatro professores e outros dois profissionais da área da educação morreram.
Editorial
Eu sei que esse é um tema delicado e a forma como a imprensa o aborda é alvo de muitos debates. É preciso dar o desconto de que infelizmente é uma situação nova e nós, jornalistas, teremos de aprender a lidar com ela com os casos acontecendo. Mas algumas conclusões a essa altura já são possíveis. E necessárias se queremos impedir novas tragédias como essa no futuro.
Não há como negar que a cultura da violência aumentou nos últimos anos. Se o número de homicídios como todo diminuiu no país, muito em razão da organização de facções criminosas que pararam de se enfrentar, esse tipo de situação de extrema e injustificada violência acontece a olhos vistos. Mesmo durante o isolamento causado pela pandemia da Covid-19.
É uma tentativa de invasão de hospitais no auge pandemia pra provar que ninguém estava internado aqui, uma agressão contra enfermeiros que buscavam melhores condições de trabalho ali, uma festa de aniversário que tinha como tema o Lula acolá, até uma chacina motivada por um jogo de sinuca. Você reparou que todos esses exemplos tem algo em comum?
Não há como negar que pelo discurso de culto à violência e individualismo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem responsabilidade por esse quadro de epidemia de episódios de violência pelo país. Ele estabeleceu o extremismo, a cultura do individualismo, de não se importar com leis e convenções sociais em nome da sua “liberdade”. Agora, qualquer psicopata se acha no direito de extravasar violência pelo motivo que quiser.
O empoderamento também acontece de maneira passiva. Quando o goleiro Bruno (assassino de Eliza Samúdio) e Guilherme de Pádua (assassino de Daniela Perez) oferecem apoio publicamente ao presidente da República e esse simplesmente aceita, passa a mensagem para os seus apoiadores que esse tipo de criminoso é bem vindo no seu círculo ideológico.
Que fique claro: ninguém está dizendo que esse terrorista é apoiador de Bolsonaro (embora não fosse surpresa), mas seja qual for a ideologia, ele é fruto dessa nova cultura de violência. Quando você banaliza a violência – inclusive cultuando armas, além da perseguição e da morte de quem pensa, age ou vive diferente – em uma hora ela explode. E agora ela explodiu. Os assassinos estão empoderados e vão agir com as armas que dispuserem, sejam elas de fogo ou não. E nenhum de nós está a salvo.
cala boca lixo humano