Amazônia

Apenas um terço da madeira explorada na Amazônia é aproveitada

A floresta amazônica é uma das principais regiões que produz madeira tropical no mundo. A exploração do produto – muito visado no mercado internacional – se não for feita dentro dos padrões de controle, joga milhões de toneladas de carbono na atmosfera. No caso da nossa região, há ainda um outro problema: apenas 35% da madeira extraída é aproveitada.

Um estudo de caso feito por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) publicado na revista científica “Acta Amazonica” nesta segunda-feira (06/02/2023) analisou o coeficiente de rendimento volumétrico (CRV), relação entre o volume da tora de madeira processada e o volume obtido de madeira serrada da empresa Mil Madeiras, que fica em Manaus, entre 2015 e 2016.

Para medir esse coeficiente de fato, as toras de 19 espécies de madeira foram pintadas e o CRV estimado foi de apenas 24,6%, em média. Quando os 35% determinados pelo DOF não são atingidos, a empresa recebe créditos virtuais. Quando esses créditos se acumulam, os empresários enfrentam dificuldades para adquirir novas licenças para exploração. Em alguns casos, para atingir os 35%, é utilizada madeira ilegal sem rastreabilidade.

“Quando a indústria faz seu próprio estudo, você evita acúmulo de créditos virtuais, que são alvos muito fáceis de cibercriminosos e que podem ser usados por quem faz exploração ilegal”, pontua são parte de Kauanna de Andrade, aluna do INPA e uma das autoras da pesquisa.

Durante a pesquisa de campo, Andrade ouviu relatos de que havia muita dificuldade dos órgãos ambientais em conferir o CRV. Em muitas empresas, o coeficiente não é atingido, o que gera falhas dentro do sistema DOF (Documento de Origem Florestal), que controla a origem da madeira. Por isso, o artigo sugere que cada indústria tenha seu próprio CRV. “Tem que ter investimento em tecnologia da madeira para aproveitar mais o material”, afirma.

Cada espécie se comporta de uma maneira, segundo a pesquisadora, por isso, o rendimento de cada uma é diferente. O maquinário utilizado no desdobro, o tipo de produto final, a qualidade das toras, o tempo e locais de estocagem da madeira também podem influenciar o rendimento dentro da indústria.

Ao derrubar o CRV padrão e apoiar o investimento em ciência e tecnologia para melhorar o rendimento das espécies, os órgãos ambientais estimulam empresas a produzir de forma mais sustentável. “Sem manejo florestal sustentável, adeus biodiversidade”, observa Adriano José Lima, que também é autor do artigo.

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