A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) prepara uma série de ações em defesa de famílias que perderam entes queridos pela campanha indiscriminada pelo uso do chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19. A confirmação foi feita em nota enviada ao Vocativo.
O órgão tomou ciência, nesta quarta-feira (11/08/21), da manifestação do presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD), para a tomada de medidas por parte da instituição no que se refere aos danos causados pela utilização desses medicamentos, que são ineficazes contra a doença.
O defensor público geral, Ricardo Paiva, também recebeu o ofício enviado pela CPI, que pede o ajuizamento de ações em favor de amazonenses vitimadas pela Covid-19, e irá submeter o documento à análise do Núcleo de Defesa da Saúde (Nudesa), que deve emitir parecer sobre as providências que poderão ser adotadas. O órgão, no entanto, não especificou se governo do Estado e prefeitura de Manaus, que participaram da distribuição do medicamento, serão processadas.
A DPE-AM informa que quem precisar dos serviços jurídicos da instituição na área de Saúde, pode agendar atendimento por meio do número 129. O serviço telefônico funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 14h.
Tratamento precoce
O chamado “tratamento precoce” – nome dado ao conjunto de medicamentos composto pela hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina – foi amplamente distribuído pelo Ministério da Saúde no Amazonas, principalmente durante o pico da segunda onda da Covid-19 no estado, em janeiro. O uso indiscriminado desses remédios para o tratamento da doença é amplamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e seus apoiadores.
Na ocasião, uma comitiva do Ministério da Saúde estava na cidade – liderada pela secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro – com outro objetivo: orientar os profissionais de saúde do estado para receitar o “tratamento precoce”. Para isso, a pasta teria pago a viagem de 11 médicos para Manaus apenas com essa função. Foi cogitada a criação de tendas, que funcionariam fora dos hospitais, para distribuir esses remédios a quem quisesse.
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