A campanha de vacinação contra a influenza (gripe) e sarampo se encerra nesta sexta-feira (24/06/2022) no Amazonas e o estado segue longe de atingir os níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde. Até esta quarta-feira (22/06), a cobertura vacinal contra influenza era de apenas 53,8% e 38,7% contra o sarampo. Conforme a OMS, a meta de cobertura vacinal do sarampo é de, no mínimo, 95% e 90% para influenza.
“É importante que os grupos prioritários contemplados nas campanhas de vacinação contra influenza e sarampo sejam vacinados para evitar complicações decorrentes dessas doenças. As vacinas são nossa maior arma de combate contra as doenças imunopreveníveis”, alerta Tatyana Amorim, diretora-presidente da FVS-RCP.
A coordenadora estadual do Programa Nacional de Imunização (PNI), Izabel Nascimento, acrescenta que as campanhas de vacinação ocorrem anualmente, mas é importante que todos os anos as metas de vacinação sejam atingidas. “Temos vacinas disponíveis todos os dias, meses e anos, é importante que não deixemos de imunizar nossas crianças e idosos. Os grupos prioritários são primordiais para evitar que complicações mais severas dessas doenças possam acometer essas pessoas, pedimos que todos busquem uma unidade de saúde e se vacinem”, ressalta Izabel.
Há um mês, apenas 21,80% das crianças de seis meses a menores de 5 anos receberam a vacina tríplice viral, ou seja, apenas 34.848 do público estimado em 159.789. A Secretaria Municipal de Saúde de Manaus alertou que a redução gradual da cobertura vacinal na capital está aumentando o risco do retorno de doenças imunopreveníveis, já controladas ou erradicadas no país, como o sarampo e a poliomielite.
Campanhas em queda
Embora a pandemia de Covid-19 tenha reforçado a importância da vacinação, muitas pessoas deixaram de se vacinar e de vacinar seus filhos, não só contra o Coronavírus, mas também contra outras doenças importantes, como a própria Influenza e o Sarampo.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a cobertura da vacinação contra a poliomielite no Brasil, por exemplo, caiu de 84,2% em 2019 para 67,7%, em 2021. Ou seja, três em cada dez crianças não receberam a vacina.
“Este declínio que temos observado se deve à percepção de uma parte da população que acredita que não há necessidade de se vacinar porque as doenças ‘desapareceram’. As baixas taxas de imunização contribuem para que doenças antes sob controle, e algumas até erradicadas, voltem a circular no país”, afirma o pediatra Hamilton Robledo.
Ainda conforme a Unicef, a vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola em crianças brasileiras também caiu de 93,1% em 2019 para 71,49% em 2021. “Por não ficarem em evidência, algumas doenças acabam não sendo lembradas. Também existe a desinformação, que contribui para essa queda”, complementa a infectologista Claudia Maekawa Maruyama.
Além das fake news propagadas nas redes sociais, outros fatores influenciam na escolha ou não pela imunização. “Nos primeiros 15 meses da criança, são várias idas ao posto de saúde. E, pensando neste momento econômico difícil que vivemos no Brasil, as desigualdades sociais, dificuldades com transporte, volta do trabalho presencial, entre outros fatores, também podem impactar a decisão”, reitera Hamilton.