Amazonas

Termelétricas de Manaus estão entre as mais poluentes do país

Ao todo, as usinas termelétricas de Manaus emitiram 2.849 toneladas de dióxido de carbono em 2022. E o pior: faltam dados sobre a qualidade do ar da capital amazonense

As usinas termelétricas de Manaus estão entre as que mais emitem Gases de Efeito Estufa (GEE) em todo o país. E o pior: pela falta de transparência, o quadro real pode ser ainda pior. É o que mostra o o “3º Inventário de emissões atmosféricas em usinas termelétricas”, lançado nesta quinta-feira (19/10/2023), pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).

Ao todo, as usinas da capital emitiram 2.849 toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) em 2022, o que representa 14,6% desse tipo de emissão em todo o Sistema Interligado Nacional (SIN). Apenas as cidades de Capivari de Baixo (SC) e Candioca (RS) aparecem à frente. Sendo a única cidade do Amazonas a utilizar esse tipo de energia, Manaus colocou o estado na quarta posição do país, perdendo para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

O que são GEE?

Gases de Efeito Estufa (GEE) são substâncias gasosas naturalmente presentes na atmosfera e que absorvem parte da radiação infravermelha emitida pelo Sol e refletida pela superfície terrestre, dificultando o escape desta radiação (calor) para o espaço.

Você já deve ter ouvido falar nste fenômeno natural. Ele é chamado de Efeito Estufa. E ele é muito importante para a vida na Terra, porque impede a perda de calor e mantém o planeta aquecido. No entanto, calor demais também é um problema. E a ação do homem através dos séculos está aumentando a concentração desses gases na atmosfera, levando ao aumento da temperatura média global. Isso leva ao que já conhecemos como mudanças climáticas.

Força de contrato

O mais curioso é que as usinas de Manaus operam com mais capacidade devido a suas características contratuais. Vale lembrar que a fornecedora privada da capital desde 2017 é a Eneva S.A. Mesmo com a queda relatada de geração de energia elétrica fóssil, as termelétricas do município funcionaram a 57% de sua capacidade máxima, enquanto, na média, as usinas do SIN operaram a 15% de sua capacidade.

Falta transparência

Embora ocupe a terceira colocação geral, é possível que o quadro de emissões de Manaus seja ainda pior. Isso porque, segundo o relatório, faltam informações sobre a proporção entre energia produzida e Gases de Efeito Estufa (GEE) que vão parar na atmosfera. Também falta monitoramento da qualidade do ar na cidade, que recentemente sofreu com a fumaça das queimadas.

Mesmo liderando como município de maior geração de energia termelétrica em 2022, mas somente duas das sete usinas de Manaus forneceram informações consideradas coerentes para o ano base de 2022, conforme a base do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Segundo o inventário, a ausência de uma rede de monitoramento da qualidade do ar no município impossibilita avaliar os verdadeiros impactos das emissões de poluentes locais. Manaus é apenas um exemplo. Dos 41 municípios incluídos neste inventário, 20 não possuem estações de monitoramento oficiais, evidenciando a defasagem da rede de monitoramento da qualidade do ar.

Essa falta de transparência de informações gera desafios para a realização de avaliações das condições reais da qualidade do ar nas proximidades. Ainda assim, na contramão dessa lacuna de informações, diversos projetos termelétricos estão sendo considerados para implantação, muitos deles já com licenças concedidas pelos órgãos ambientais competentes.

Atualmente, o governo do Amazonas, por meio do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), realiza o processo de licenciamento ambiental de duas usinas termelétricas em Ciclo Combinado movidas a Gás Natural para o Distrito Industrial e elas devem afetar moradores dos bairros Colônia Antônio Aleixo e Mauazinho.

Apesar de tudo, houve redução

Apesar do número, o relatório aponta redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Ao todo, as 72 usinas termelétricas fósseis conectadas ao SIN emitiram 19,5 milhões de toneladas de CO2e em 2022. Mas esse cenário pode mudar diante das mudanças climáticas pelas quais o Brasil passa.

“A redução aconteceu porque as condições climáticas favoreceram o acionamento de hidrelétricas. No entanto, como vimos em anos anteriores, períodos de maior ou menor volume de chuvas poderão se alternar no futuro, tornando incerta a continuidade dessa redução de emissões apenas como resultado de condições favoráveis à geração hidrelétrica”, ressalta Felipe Barcellos e Silva, um dos autores do estudo.

Os números foram levantados por meio do portal de dados abertos do Ibama, que disponibiliza informações sobre emissões de poluentes atmosféricos locais por termelétricas. Essas informações são provenientes dos Relatórios de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (Rapp), que devem ser enviados ao Ibama pelas empresas geradoras de termeletricidade.


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