Contexto

A jogada ensaiada de Alexandre de Moraes e Waldemar Costa Neto

O Partido Liberal (PL), do qual faz parte o presidente Jair Bolsonaro, apresentou nesta terça-feira (22/11/2022) uma petição na qual pede a anulação de votos das eleições deste ano. O documento é mais um capítulo no discurso golpista do presidente, que não aceita o resultado do pleito, que elegeu Luíz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, por sua vez, deu prazo de 24 horas para que o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, faça o aditamento da petição. Na representação, o PL pede para anular votos de alguns modelos de urnas eletrônicas nas eleições do último dia 30 de outubro, data do segundo turno.

No despacho, Moraes pede que o partido apresente a relação de urnas supostamente defeituosas nos dois turnos, alegando que as urnas também foram usadas no primeiro turno. “As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022. Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 horas”, decidiu o ministro.

Análise

Embora uma parta da imprensa tenha dado essa notícia como se “o PL tivesse endossado o discurso golpista de Bolsonaro”, a realidade indica justamente o contrário. Ainda nesta terça, a colunista Malu Gaspar, do jornal “O Globo” noticiou que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi até o Supremo Tribunal Federal (STF) garantir que confia nas urnas eletrônicas do país e que só está tomando tal iniciativa por que o presidente Jair Bolsonaro exige.

Exatamente por isso parece uma jogada combinada. Ora, a partir do momento em que o TSE obriga que a petição conteste o primeiro turno também, automaticamente todos os governadores, senadores, deputados federais e estaduais têm seus mandatos em risco. Afinal, se toda a eleição for anulada, todos os cargos preenchidos precisariam de novas votações. E por mais bolsonaristas que sejam os apoiadores do presidente, ninguém será louco de abrir mão da sua vaga, ainda mais por um presidente perto do fim do mandato, aos olhos do mundo que já reconheceu, há tempos, a vitória de Lula.

Dessa forma, a jogada que parece um embate entre o PL e a Justiça Eleitoral acaba sendo nula, porque fora os apoiadores mais fanáticos do presidente, os políticos de carreira não deverão dar muito crédito ao documento. Não que isso vá desmobilizar os acampamentos em frente aos quartéis do país, mas o movimento se torna cada vez mais isolado diante da iminente posse de Lula. E mantém Bolsonaro iludido que terá algum êxito no discurso golpista.

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