Contexto

A compra do Twitter por Elon Musk e os receios que isso gera

O Twitter anunciou nesta segunda-feira (25/04/2022) que o controle majoritário das ações da companhia foi adquirido pelo bilionário Elon Musk, fundador da empresa de carros Tesla. Em comunicado sobre a transação, foi anunciado que o negócio foi fechado por US$ 44 bilhões. Após a conclusão da negociação, o Twitter se tornará uma companhia privada, ou seja, sem oferta pública na bolsa de valores e sem outros acionistas.

Segundo Brett Taylor, presidente do Conselho do Twitter e diretor executivo da empresa Salesforce, o colegiado realizou uma “análise profunda e abrangente da proposta de Musk com foco nos valores, certeza e financiamento”. Ele acrescentou que essa decisão é a melhor para os atuais acionistas da plataforma.

Repercussão

Em sua conta na rede social, Musk afirmou: “eu espero que até meus piores críticos permaneçam no Twitter, porque é isso o que significa liberdade de expressão”. Em mensagens anteriores na plataforma, ele indicou como prioridades combater contas automatizadas (bots) atuando para divulgação massiva (spams) e autenticar os usuários humanos, embora não tenha detalhado o que isso significa.

A Free Press, associação da sociedade civil que atua com liberdade de expressão nos Estados Unidos, classificou o negócio como um “grande retrocesso para o Twitter”. Segundo a diretora da entidade, Jéssica González, Musk não tem demonstrado a capacidade de responder às demandas e cobranças de autoridades e críticos.

Quem é Elon Musk?

Elon Musk é diretor executivo das empresas Tesla, que fabrica carros elétricos, e SpaceX, que desenvolve tecnologias de viagens aeroespaciais. Além disso, possui participação em negócios de nanotecnologia e energia solar. Ele é filho de Errol Musk, um engenheiro que controlava metade de uma mina de esmeraldas na Zâmbia.

Musk já foi processado e condenado nos Estados Unidos por ter publicado um tuíte de conteúdo falso em 2018 sobre negociações envolvendo a Tesla. Ele também foi criticado por espalhar desinformação sobre a pandemia da covid-19, além de desafiar autoridades sobre medidas de combate à circulação do novo coronavírus. Musk nasceu na cidade de Pretória, na África do Sul.

Golpe de Estado na Bolívia

Outra grave acusação contra Musk é a participação dele no golpe de Estado na Bolívia em 2019. Musk tem como principal meta a difusão do carro elétrico da Tesla e para isso precisa do lítio em larga escala. O país latino-americano possui ricas reservas desse material, mas o governo do ex-presidente Evo Morales mantinha política de estatização do lítio.

A suspeita é que interesses tanto de empresas como a Tesla quanto com os grupos de oposição e extrema-direita na Bolívia acabaram convergindo na ruptura institucional do país na época. Acredita-se que Musk financiou o golpe, em troca dos direitos de exploração do lítio. O próprio CEO da Tesla postou, no mês seguinte, no Twitter uma insinuando ter participado da ação. “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”, disse Musk em resposta a uma postagem enviada sobre seu interesse em impedir que o ex-presidente boliviano Evo Morales continuasse no poder. 

Vale lembrar que, em novembro de 2021, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, se encontrou Musk. Pelas redes sociais, o ministro disse que em breve Musk estará no Brasil “para conectarmos as escolas rurais e protegermos a Amazônia utilizando a tecnologia da SpaceX/Starlink”. O encontro ocorreu em Austin, nos Estados Unidos.

Riscos

O grande receio de analistas e imprensa internacional é a utilização do aplicativo sem qualquer tipo de controle de conteúdo abusivo, violento ou desinformativo. Em 2020, por exemplo, o Twitter pôs alertas em publicações do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que alegaram que uma decisão da Suprema Corte do país sobre a votação por correio na Pensilvânia levaria a uma fraude generalizada e que era “muito perigosa”.

É altamente improvável que, com Musk no comando, tal atitude fosse tomada. até porque o empresário tem ligações com Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos. No começo da pandemia, por exemplo, ambos questionaram a necessidade de medidas como o distanciamento social e o lockdown.

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