Manaus, 15 de dezembro de 2025 – O estado do Amazonas contrariou a tendência nacional de queda do trabalho infantil e registrou aumento no número de crianças e adolescentes nessa situação em 2023. É o que mostra o relatório Dimensões do Trabalho Infantil no Brasil: desafios persistentes e caminhos para acelerar a erradicação, publicado no último dia 11 de dezembro pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O documento aponta que, enquanto o Brasil reduziu o total de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em trabalho infantil para 1,6 milhão, o Amazonas aparece entre as Unidades da Federação que apresentaram crescimento do contingente, inclusive em faixas etárias mais sensíveis, como a de 5 a 13 anos, na qual o trabalho é integralmente proibido pela legislação brasileira.
De acordo com o relatório, os dados foram apurados a partir da PNAD Contínua do IBGE e analisam o comportamento recente do trabalho infantil após os impactos da pandemia da COVID-19, que interrompeu temporariamente a trajetória de queda observada no país antes de 2020.
Na contramão da tendência nacional
O relatório da OIT destaca que, entre 2022 e 2023, o Brasil apresentou redução de 274 mil crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, retomando a tendência histórica de queda. No entanto, o Amazonas é citado entre os estados que não acompanharam esse movimento, registrando aumento do total de crianças e adolescentes nessa condição.
O documento também aponta crescimento no estado em faixas etárias específicas, incluindo crianças de 5 a 13 anos e adolescentes de 14 a 15 anos e de 16 a 17 anos, a depender do recorte estatístico. Essas informações aparecem nas tabelas que detalham a evolução do trabalho infantil por Unidade da Federação, com base nos dados oficiais do IBGE analisados pela OIT.
No contexto regional, o Amazonas integra a Região Norte, apontada no relatório como uma das áreas do país com maior incidência proporcional de trabalho infantil, ao lado do Nordeste. Segundo a OIT, essas regiões concentram vulnerabilidades socioeconômicas que influenciam a persistência do problema.
Concentração territorial
A análise espacial apresentada no relatório destaca o Amazonas nos mapas de distribuição geográfica do trabalho infantil, com menção específica às áreas do vale do rio Juruá e do vale do rio Negro, identificadas como sub-regiões com maior frequência de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil.
O documento também contextualiza o cenário estadual dentro do perfil nacional do trabalho infantil. Em 2023, predominavam no país meninos, crianças e adolescentes negros e jovens de 16 e 17 anos entre aqueles em situação de trabalho infantil, além da concentração em setores como agropecuária, comércio e serviços, classificados entre os principais demandantes desse tipo de mão de obra.
Embora o relatório registre redução do número total de crianças trabalhando no Brasil, a jornada semanal média permaneceu praticamente inalterada, em torno de 23,8 horas semanais, um dado que também compõe o contexto geral no qual o Amazonas está inserido.
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