Engrenagens

Prefeitura movimenta R$ 198 milhões com empresas alvo do MPC-AM

Ministério Público de Contas determinou que a Secretaria de Controle Externo (Secex) do Tribunal de Contas realize uma inspeção nos contratos firmados pela gestão do prefeito David Almeida

Entre 2021 e 23 de setembro de 2025, a Prefeitura de Manaus e suas secretarias firmaram contratos, termos aditivos e renovações que somam cerca de R$ 198,1 milhões com a MURB Manutenção e Serviços Urbanos Ltda., Grafisa Gráfica e Editora Ltda., Construtora Rio Piorini Ltda. e Royal Tech (Royal Technologies Ltda.).

Nesta terça-feira, 23, o Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM) determinou que a Secretaria de Controle Externo (Secex) do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) realize uma inspeção nos contratos firmados pela gestão do prefeito David Almeida (Avante), com essas empresas.

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Os valores constam de extratos publicados em edições do Diário Oficial do Município e em portais de transparência. A MURB concentrou o maior volume de recursos. Somente em 2023, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) assinou contrato de R$ 114,8 milhões para conservação e limpeza pública. A empresa já havia celebrado outros contratos anteriores com a Prefeitura, mas apenas esse registro, renovado ao longo de doze meses, corresponde a mais da metade do montante total movimentado.

A Grafisa Gráfica e Editora Ltda. manteve contratos com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) para o fornecimento de material gráfico pedagógico. A prorrogação mais recente, publicada em 2024, teve valor de R$ 18,3 milhões. Os aditivos sucessivos ao contrato nº 014/2021, desde a assinatura inicial até hoje, reforçam a presença constante da empresa entre os fornecedores do município.

Já a Construtora Rio Piorini Ltda. aparece nos registros oficiais vinculada à Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf). Em outubro de 2023, a empresa assinou contrato de R$ 32,5 milhões para fornecimento e locação de veículos pesados. Em abril de 2024, um termo aditivo renovou a prestação de serviços com o mesmo valor, elevando para R$ 65 milhões o total movimentado com a secretaria.

A Royal Tech, por sua vez, aparece em contratos de menor valor unitário, mas que, ao longo dos últimos anos, também resultaram em cifras relevantes. Entre eles estão o ajuste de R$ 58,6 mil com a Manaus Previdência para locação e manutenção de impressoras e contratos anteriores com a Secretaria Municipal de Saúde, que alcançaram valores de até R$ 3,5 milhões.

Empresas têm histórico de polêmicas

Reportagens da CENARIUM destacaram relações entre fornecedores com contratos milionários da Prefeitura e empresas ligadas ao círculo mais próximo do prefeito David Almeida (Avante). Uma microempresa chamada LO Fênix, da sogra do prefeito, Lidiane Oliveira Fontenelle, prestou “serviços combinados de escritório e apoio administrativo” à Construtora Rio Piorini, que mantém contrato de R$ 65 milhões com a Secretaria Municipal de Infraestrutura. O valor pago à L O Fênix entre novembro de 2023 e abril de 2024 seria de R$ 124 mil, distribuídos em seis notas fiscais mensais.

A matéria também observa que a empresa da noiva do prefeito, SKYLine Produções, atua no mesmo endereço da L O Fênix, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul de Manaus; os dois empreendimentos compartilham sala no mesmo edifício. A L O Fênix foi aberta em outubro de 2023, logo antes da emissão de notas para Rio Piorini.

Além disso, o jornalismo apurou que o empresário Roberto de Souza Lopes, dono da Royal Tech, tem vínculos familiares com o dono da Construtora Rio Piorini, José Curcino Monteiro Neto (“Zé Monteiro”). Roberto bancou a viagem em jatinho fretado do prefeito com sua noiva, Izabelle Fontenelle, para uma ilha no Caribe durante o Carnaval de 2024.

Outra matéria mostra que o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) identificou que o prefeito David Almeida não apresentou todos os comprovantes de despesas da viagem ao Caribe — hospedagem, transporte terrestre e origem integral dos recursos não foram especificados — e mencionou que algumas empresas com contratos vigentes na Prefeitura, entre elas as quatro citadas, são apontadas na denúncia formal como possíveis financiadoras indiretas.

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