As áreas desmatadas da Amazônia voltaram a crescer em ritmo preocupante, com destaque negativo para o estado do Amazonas. Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desmatamento no bioma aumentou 18% entre agosto de 2024 e março de 2025, em comparação com o mesmo período anterior. A floresta perdeu 2.296 km² — uma área superior à de Palmas (TO). No mesmo período do ano passado, o número havia sido de 1.948 km².
O dado representa um alerta, apesar de ainda estar abaixo do pico registrado entre agosto de 2020 e março de 2021, quando 5.552 km² foram destruídos. Segundo a pesquisadora Larissa Amorim, do Imazon, o momento atual é crítico: “Mesmo abaixo dos piores índices da década, o crescimento registrado em 2025 acende um sinal amarelo. A estação chuvosa é uma janela estratégica para frear o avanço do desmatamento.”
Somente em março de 2025, foram devastados 167 km² de floresta, um salto de 35% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O estado do Amazonas foi o segundo que mais desmatou no mês, com 39 km² destruídos — ou 23% de todo o total registrado. O líder foi o Mato Grosso (65 km²), seguido pelo Pará (29 km²). Juntos, os três estados concentraram 80% da destruição da Amazônia em março.
No recorte municipal, o Amazonas também se destacou negativamente. Apuí liderou o ranking nacional de municípios mais desmatados, com 15 km² de floresta destruída. O segundo colocado foi Itaituba (PA), com 13 km².
Outro foco de preocupação está nos assentamentos rurais. O Assentamento Rio Juma, também em Apuí, registrou 14 km² de desmatamento — equivalente a cerca de 1.400 campos de futebol. Foi a maior devastação registrada em áreas de reforma agrária em março. O segundo assentamento mais afetado, o PDS Realidade, também no Amazonas, perdeu 2 km² de floresta.
Apesar de os dados indicarem uma leve redução nos incêndios florestais de março (com 206 km² degradados, queda de 90% em relação ao ano passado), o quadro acumulado do “calendário do desmatamento” revela outro cenário alarmante: a degradação florestal disparou 329% de agosto de 2024 a março de 2025, saltando de 7.925 km² para 34.013 km². Trata-se do maior índice da série histórica iniciada em 2008.
O Pará respondeu por 91% da degradação registrada em março (188 km²). Maranhão e Roraima também aparecem com destaque. Já em áreas protegidas, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós, no Pará, foi a mais afetada, com 7 km² devastados. A APA do Lago de Tucuruí, também no estado, perdeu 1 km².
Segundo a pesquisadora Manoela Athaide, do Imazon, os dados apontam para um padrão de destruição concentrada, exigindo ações urgentes e direcionadas. “Locais como Apuí e os assentamentos no Amazonas precisam ser prioridade nas estratégias de fiscalização e combate ao desmatamento”, defende.
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