Eleições 2024 Engrenagens

Eleições: Institutos de Pesquisa de Manaus erraram resultado do 1º Turno

Os institutos Pontual, Perspectiva Mercado e Opinião, Direto ao Ponto, EAS Consultoria Estatística, Ipen, Projeta, 100% Cidades e Futura Inteligência erraram todos os cenários apontados em suas pesquisas divulgadas nos meses de setembro e outubro

O resultado do primeiro turno das eleições municipais em Manaus, realizado no último domingo (06/10/2024), surpreendeu tanto o público quanto as previsões de institutos de pesquisa de opinião locais. Isso porque os levantamentos realizados nas semanas que antecederam a votação indicavam um cenário distinto do que se concretizou nas urnas, revelando falhas significativas na leitura do eleitorado da capital amazonense.

Os institutos Pontual, Perspectiva Mercado e Opinião, Direto ao Ponto, EAS Consultoria Estatística, Ipen, Projeta, 100% Cidades e Futura Inteligência erraram todos os cenários apontados em suas pesquisas divulgadas nos meses de setembro e outubro. E o erro foi significativo.

A expectativa criada por diversos institutos de pesquisa era que Roberto Cidade (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e aliado do governador Wilson Lima (União Brasil), fosse o segundo colocado. No entanto, Cidade terminou em uma decepcionante quarta colocação, com apenas 16%, atrás do também deputado federal Amom Mandel (Cidadania), que ficou com 19%.

Com 31% dos votos, o atual prefeito e candidato à reeleição, David Almeida (Avante), garantiu seu lugar no segundo turno. Contudo, ao contrário do que previam os levantamentos, seu adversário será o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL), que alcançou 25% dos votos.

Institutos que erraram a projeção do segundo turno:

  1. Pontual Pesquisas (03/10/2024): Previa David Almeida (35,4%) e Roberto Cidade (20,5%) no segundo turno, errando a posição de Alberto Neto.
  2. Perspectiva (02/10/2024): Indicava David Almeida e Roberto Cidade no segundo turno.
  3. Direto ao Ponto (30/09/2024): Confirmava David Almeida (34,4%) e Roberto Cidade (22,6%) no segundo turno.
  4. EAS Consultoria (24/09/2024): Apontava David Almeida (30,1%) e Roberto Cidade (22,1%) no segundo turno.
  5. Projeta (20/09/2024): Projetava David Almeida (29,96%) e Roberto Cidade (22,67%) no segundo turno.
  6. Direto ao Ponto (19/09/2024): Também errava ao prever David Almeida (32,8%) e Roberto Cidade (21,7%) no segundo turno.
  7. Pontual Pesquisas (13/09/2024): Previa David Almeida (34,5%) e Roberto Cidade (21,2%) no segundo turno.
  8. Perspectiva (12/09/2024): Apontava David Almeida (33,5%) e Roberto Cidade (22,7%) no segundo turno.
  9. 100% Cidades (04/09/2024): Apontava David Almeida (25,3%) e Roberto Cidade (20%) no segundo turno.

Pesquisas locais falharam em antecipar resultado

Nos dias que antecederam o primeiro turno, diversos institutos divulgaram levantamentos que mostravam um cenário completamente diferente. Pelo menos nove pesquisas, divulgadas entre setembro e início de outubro, indicavam que a disputa no segundo turno seria entre David Almeida e Roberto Cidade, com ambos consolidando suas posições na liderança.

No dia 3 de outubro, o Instituto Pontual divulgou uma pesquisa que colocava David Almeida com 35,4% das intenções de voto e Roberto Cidade com 20,5%, seguido por Amom Mandel (14,8%) e Capitão Alberto Neto (13%). Essa tendência foi repetida em outras pesquisas, como a da Perspectiva Mercado e Opinião (2 de outubro), que confirmou Almeida e Cidade como os candidatos mais fortes para o segundo turno.

No dia 30 de setembro, o Instituto Direto ao Ponto reforçou essa previsão, apontando Almeida com 34,4% e Cidade com 22,6%. O levantamento também indicava uma disputa acirrada entre Alberto Neto (15,3%) e Amom Mandel (14,9%) pelo terceiro lugar, sem, no entanto, prever a possibilidade de Neto alcançar a segunda posição.

“O que ocorre é que algumas pesquisas puxam a margem de erro pra cima para favorecer determinado candidato e outros puxam para baixo para desfavorecer outros. Ou então a pesquisa é limitada sua realização para determinados bairros e não denotam a real intenção de votos da população por completa”

Fued Semen Neto, advogado e presidente da comissão de direito eleitoral da OAB/AM

Já as pesquisas de outros estados

Por outro lado, pesquisas feitas por institutos de outros estados traçaram cenários bem mais próximos da realidade. A pesquisa Quaest de 2024 para prefeito de Manaus divulgada na véspera do primeiro turno e encomendada pela Rede Amazônica mostrou o candidato David Almeida (Avante) com 36% e Capitão Alberto Neto (PL) com 21%, nos votos válidos. Em seguida apareciam Roberto Cidade (União Brasil) com 20%, Amom Mandel (Cidadania) com 16% e Marcelo Ramos (PT), com 7%.

No mesmo dia, a pesquisa AtlasIntel chegou ainda mais perto e mostrou o atual prefeito tem 32,2% dos votos válidos, que excluem brancos e nulos. Na sequência, aparece Capitão Alberto Neto (PL), com 21% e Amom Mandel (Cidadania), 20,3%.

Falha de metodologia ou manipulação?

Os erros sistemáticos de empresas locais, contrastando com os acertos de institutos de pesquisa nacionais fizeram internautas nas redes sociais colocarem em dúvida a qualidade do trabalho realizado. Vale lembrar que a pesquisa eleitoral é regulada pela Resolução nº 23.600/2019 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lá estão as regras para divulgação das pesquisas e, se respeitadas as regras, o instituto pode divulgar a pesquisa.

“Não acredito que haja uma manipulação deliberada, o que ocorre é que algumas pesquisas puxam a margem de erro pra cima para favorecer determinado candidato e outros puxam para baixo para desfavorecer outros. Ou então a pesquisa é limitada sua realização para determinados bairros e não denotam a real intenção de votos da população por completa. Assim que eu acredito que funcione”, afirma Fued Semen Neto, advogado e presidente da comissão de direito eleitoral da OAB/AM.

Outra explicação para essa diferença, segundo o advogado é a falta de parâmetro para a margem de erro. “A margem de erro é aceitável e o instituto é obrigado a divulgá-la na pesquisa. Não existe um limite estabelecido pela resolução para a margem de erro”, avalia Fued. No entanto, o jurista alerta que, em caso de fraude, há consequências legais. “Se restar comprovado que a pesquisa é fraudulenta, os interessados podem impugná-la e o instituto é condenado ao pagamento de multa de R$ 53.205,00 a R$ 106.410,00”, explica.


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