A Polícia Federal (PF) realizou nesta quinta-feira (03/10/2024) a Operação Tupinambarana Liberta, com o objetivo de combater supostos crimes eleitorais que envolvem membros do governo do Amazonas em Parintins. A operação ocorre a poucos dias do primeiro turno das eleições municipais, marcado para o próximo domingo (06/10).
Os alvos da operação são Fabrício Rogério Cyrino Barbosa, Secretário de Administração; Marcos Apolo Muniz de Araújo, Secretário de Cultura e Economia Criativa; e Armando Silva do Valle, diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), todos envolvidos no escândalo divulgado no último domingo (29/09/2024). Os envolvidos foram exonerados nesta quarta-feira (02/10/2024) pelo governador. Também são investigados o comandante das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), tenente-coronel Jackson Ribeiro e capitão Guilherme Navarro, chefe do setor de inteligência da Rocam.
Cerca de 50 agentes da PF estão envolvidos na operação, cumprindo cinco mandados de busca e apreensão em endereços em Manaus, com o intuito de desarticular uma suposta rede criminosa que estaria atuando em favor da candidatura de Brena Dianná (União Brasil), aliada do governador do estado, Wilson Lima (União Brasil) à prefeitura de Parintins.
De acordo com as investigações, há envolvimento de membros de facção criminosa e de agentes públicos do governo, que teriam se unido para promover atividades ilícitas, contando com o apoio de estruturas do Estado, incluindo forças policiais, para coibir o candidato da oposição, Mateus Assayag (PSD).
A Justiça Eleitoral determinou ainda a proibição de que os investigados tenham acesso à cidade de Parintins ou mantenham contato com partidos e coligações locais. Além disso, foi intensificado o efetivo da PF na cidade para garantir a segurança do pleito e assegurar que os eleitores possam exercer seu direito de voto de maneira livre e segura.
A investigação, iniciada em setembro a partir de uma denúncia do Ministério Público Eleitoral, revelou que líderes comunitários ligados a uma facção criminosa nacional teriam ameaçado candidatos e seus apoiadores, impedindo-os de acessar determinadas áreas da cidade.
Agentes públicos teriam se omitido ao não coibir tais ameaças, em uma ação coordenada para beneficiar uma candidatura específica. Vídeos divulgados recentemente pela imprensa reforçam as suspeitas, mostrando autoridades públicas articulando estratégias para influenciar o resultado das eleições em Parintins. A Operação Tupinambarana Liberta, cujo nome faz referência à ilha de Parintins e à sua herança indígena.
Acusações envolvem altos cargos do governo
Paralelamente à operação, o governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou na quarta-feira (02/10) a exoneração de três altos funcionários do governo: Fabrício Rogério Cyrino Barbosa, Secretário de Administração; Marcos Apolo Muniz de Araújo, Secretário de Cultura e Economia Criativa; e Armando Silva do Valle, diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama). A medida foi tomada em resposta às investigações e às acusações de que o governo estadual teria usado a máquina pública para favorecer a candidatura de Brena Dianná (União Brasil) à prefeitura de Parintins.
De acordo com a coligação adversária, liderada pelo candidato Mateus Assayag (PSD), um vídeo divulgado em 28/09 mostra membros do alto escalão do governo estadual articulando maneiras de beneficiar a campanha de Dianná. A gravação, de aproximadamente uma hora, foi feita durante uma reunião realizada em agosto na casa de Roberto Cidade (União Brasil), presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas e candidato à Prefeitura de Manaus. No vídeo, autoridades discutem o deslocamento de policiais e servidores públicos para Parintins, supostamente com o objetivo de intimidar eleitores e influenciar o resultado das eleições.
O vídeo, que já está em posse da Polícia Federal, reforça as acusações de uso indevido do aparato estatal para interferir nas eleições. O governador Wilson Lima, que apoia a candidatura de Brena Dianná, negou envolvimento direto, mas os funcionários exonerados poderão retornar aos cargos caso seja comprovada sua inocência ao final das investigações.
O caso gerou grande repercussão no estado e coloca em evidência as relações entre o governo e o processo eleitoral em Parintins, um município emblemático devido à sua importância cultural e política no Amazonas.
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