Em um levantamento divulgado nesta quarta-feira (21/08/2024), o MapBiomas revela que o Brasil perdeu 33% de suas áreas naturais nos últimos 40 anos, com um impacto profundo na Amazônia e outros biomas. Esses dados, divulgados hoje no Seminário Anual de lançamento da Coleção 9 de Mapas Anuais de Cobertura e Uso da Terra, em Brasília, com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, colocam o país no centro das discussões sobre riscos climáticos globais.
Desde 1985, 110 milhões de hectares de vegetação nativa, águas e áreas naturais foram substituídos por atividades humanas, sendo que metade dessa perda ocorreu na Amazônia. “A extensão e rapidez dessas mudanças elevam o risco climático do Brasil”, destacou Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas. O estudo mostrou que as áreas naturais, que ainda cobriam 76% do território nacional em 1985, caíram para 64,5% em 2023.
Impactos nos biomas brasileiros
O desmatamento afeta de forma desigual os biomas do Brasil. O Pampa lidera na proporção de municípios com perdas acentuadas de vegetação nativa (35% dos municípios), seguido pelo Pantanal, onde 82% dos municípios enfrentam algum nível de perda. No Cerrado, a região de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) se destaca negativamente, com municípios apresentando perdas de mais de 30% da vegetação nativa desde 2008.
A Amazônia, que representa um dos maiores biomas do planeta, já perdeu 14% de sua vegetação nativa desde 1985. “Estamos perigosamente próximos do ponto de não retorno“, alertou Azevedo, referindo-se ao limite crítico de 75% de cobertura vegetal para a manutenção do equilíbrio ecológico da Amazônia.
A resistência das Terras Indígenas e a crise das florestas públicas
Contrariando essa tendência de degradação, as Terras Indígenas permanecem como as áreas mais preservadas do Brasil, com menos de 1% de perda de vegetação nativa desde 1985. Em contraste, as florestas públicas não destinadas, que cobrem 13% da Amazônia Legal, enfrentam um risco crescente. Luis Oliveira, do MapBiomas Amazônia, ressaltou a urgência de se destinar essas áreas para proteção formal, evitando que se tornem alvo do desmatamento.
Diversidade ameaçada e novas frentes de monitoramento
As florestas brasileiras, com sua vasta diversidade de espécies e características regionais, sofrem diferentes graus de ameaça. A Formação Florestal, que cobre 41% do território nacional, foi a que mais perdeu área, com uma queda de 15% desde 1985. Proporcionalmente, a Formação Savânica teve a maior redução, de 26%.
O estudo inédito incluiu um mapeamento beta dos recifes de coral em águas rasas, que revelou 20,4 mil hectares ao longo da costa leste do Brasil, a maioria deles em Unidades de Conservação Marinhas. “Monitorar as condições dos corais é absolutamente relevante para a preservação da vida marinha”, afirmou Cesar Diniz, da equipe de mapeamento da Zona Costeira do MapBiomas.
Desafios e perspectivas
Apesar dos esforços de recuperação em alguns municípios e biomas, como a Mata Atlântica, onde 56% dos municípios apresentaram crescimento de vegetação nativa entre 2008 e 2023, o balanço geral é preocupante. Estados como Rondônia e Tocantins registraram perdas dramáticas de vegetação nativa, com Rondônia, por exemplo, vendo sua cobertura florestal cair de 93% em 1985 para apenas 59% em 2023.
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