A Amazônia teve 11.434 focos de calor em julho de 2024, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um aumento de 98% em relação ao mesmo mês no ano passado (que registrou 5.772 focos de calor). O maior registro de fogo no mês foi 30 de julho, com 1348 registros em um único dia.
No estado do Amazonas, o recorde de focos de queimadas é histórico, sendo o maior desde 1998, quando o Inpe iniciou as medições. Nos últimos dias, sobrevoos realizados pela ONG Greenpeace Brasil documentaram uma alarmante escalada de incêndios no sul do estado e também no norte de Rondônia. Julho também teve o maior registro de fogo na Amazônia desde 2005, quando ocorreu o recorde histórico de 19 mil focos de calor para um mês de julho.
Cenário Alarmante
O estado do Amazonas registrou 4.241 focos de calor, marcando um recorde histórico para o mês de julho. Este número é particularmente preocupante considerando que o uso do fogo no sul do estado está proibido desde o dia 5 de julho. O Pará e Rondônia seguem de perto, com 3.265 e 1.617 focos, respectivamente. Apuí e Lábrea, no Amazonas, e Porto Velho, em Rondônia, foram os municípios mais afetados, concentrando a maioria dos registros de calor.
As terras indígenas, historicamente devastadas pelo garimpo, também estão sob fogo. A Terra Indígena (TI) Munduruku e a TI Kayapó lideram em focos de calor, exacerbando a vulnerabilidade das populações locais. Nas Unidades de Conservação, o Parque Estadual de Guajará-Mirim, em Rondônia, enfrenta uma situação especialmente grave, com 40% dos registros concentrados na área.
Aumento Drástico de Incêndios
De acordo com o sistema BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia registrou 11.434 focos de calor em julho de 2024, representando um aumento de 98% em relação ao mesmo período do ano passado. O maior registro diário ocorreu em 30 de julho, com 1.348 focos em um único dia, configurando o maior número desde 2005, quando foram registrados 19 mil focos de calor.
O especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista, ressalta que a maioria desses incêndios é de origem humana, seja para desmatamento ou queimadas de pastos e áreas agrícolas que se descontrolam. “Cabe lembrar que, mesmo assim, a grande maioria desse fogo tem sua origem por ação humana, seja propositalmente para desmatar ou queimar a floresta no chão, seja por perder o controle da queima de pastos e áreas de agricultura que acabam se espalhando”, explica Batista.
Previsão de Seca Severa
Julho marca o início do período seco na Amazônia, com previsão de uma seca intensa em 2024. Três estados já decretaram estado de emergência devido à situação crítica. Batista alerta que a floresta e seus povos ainda não se recuperaram das secas e incêndios florestais anteriores, e uma nova seca pode empurrar a Amazônia para um ponto de não retorno.
Soluções e Combate ao Fogo
Para enfrentar a crise, Batista enfatiza a necessidade de abandonar o uso do fogo na pecuária e agricultura, restringindo-o a povos indígenas e populações tradicionais que manejam o fogo de forma sustentável. “É preciso abandonar o uso do fogo na pecuária e agricultura, ficando seu uso restrito a povos indígenas, populações tradicionais que historicamente manejam o fogo em áreas muito pequenas e pequenos agricultores que não têm outra opção viável tecnicamente e financeiramente”, afirma o porta-voz.
Além disso, é imperativo um planejamento sistemático do bioma amazônico, incluindo a prevenção e manejo integrado do fogo, além de criar batalhões de combate a incêndios equipados e estruturados. “Locais com difícil acesso, como no Pantanal e na Amazônia, precisam que o Brasil invista em um esquadrão de combate ao fogo, inclusive com aviões de grande porte dando suporte a esse combate. Não adianta termos somente brigadistas em parte do ano na Amazônia”, completa Batista.
A luta contra os incêndios na Amazônia requer ação imediata e coordenada para proteger este ecossistema vital e as comunidades que dele dependem. A situação atual é um chamado urgente para a implementação de políticas eficazes e sustentáveis que garantam a preservação da floresta e a segurança de seus habitantes.
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