Um levantamento exclusivo realizado pela Aldeias Infantis SOS mostra que, em 2023, os acidentes envolvendo crianças e adolescentes no Estado do Amazonas cresceram 30% na comparação com o ano anterior. No total, foram registradas 1.000 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, contra 767 registros em 2022. A explicação para essa alta é a vulnerabilidade social desses jovens.
O estudo, elaborado com dados do DataSUS, é desenvolvido pelo Instituto Bem Cuidar, programa de gestão de conhecimento da Aldeias Infantis SOS, que analisou oito categorias de causas de acidentes. Destas, quatro apontaram crescimento, a saber, incidentes com afogamento (+50%), queimadura (+17%), quedas (+46%) e sinistros de trânsito (+74%). Por outro lado, entre as causas devidamente categorizadas, houve queda em casos de intoxicação (-26%), apesar de o número ainda seguir alto.
“Os casos de quedas e intoxicação somam quase 70% de todos os acidentes envolvendo jovens amazonenses em 2023. O dado sobre quedas ainda segue uma tendência observada em levantamento nacional, que aponta essa categoria como a principal causadora de lesões não intencionais em crianças e adolescentes de todo o país, somando 45% dos casos registrados no Brasil”, explica Erika Tonelli, especialista em Entornos Seguros e Protetores da Aldeias Infantis SOS.
As hospitalizações por conta de acidentes envolvendo quedas somaram 507 casos, enquanto as internações em razão de intoxicação totalizaram 155 registros. Sinistros de trânsito também ganharam destaque no levantamento, somando 108 casos, ou 11% do total. As crianças e adolescentes que mais sofreram hospitalizações por causa de acidentes, em 2023, tinham de 5 a 9 anos (392), e houve um salto de 34% nas ocorrências dessa faixa etária em relação a 2022.
Segundo o levantamento da Organização, no entanto, a maior variação no registro de acidentes locais, de um ano para o outro, foi entre crianças de 1 a 4 anos, com 62%. Já os menores de 1 ano foram vítimas em 47 casos, após um aumento de 38% em relação ao ano anterior.
A pesquisa também mostra que, em 2023, foram 392 hospitalizações de crianças entre 5 e 9 anos envolvidas em acidentes, representando um aumento de 34% em relação a 2022. A faixa etária entre 10 e 14 anos, por sua vez, esteve envolvida em 317 ocorrências – um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.
“O período que compreende os 5 aos 14 anos é de maior autonomia e circulação pelos espaços comunitários e, na população que apresenta maior vulnerabilidade social, meninos e meninas dessa faixa etária são, muitas vezes, responsáveis pelo cuidado de irmãos e irmãs menores, fato este que os deixa mais propensos a acidentes. Deve-se atentar à necessidade de campanhas de conscientização da população sobre medidas de prevenção de acidentes também nessas faixas etárias”, finaliza a especialista.
Mortes por acidentes
Entre 2021 e 2022, o levantamento observou uma queda de – 21% no número de mortes de crianças e adolescentes causadas por acidentes, passando de 138 para 109 vítimas. Repetindo o padrão do ano anterior, o maior número de óbitos se deu entre a faixa etária de 1 e 4 anos (44%). Também, a exemplo de 2021, a principal causa de mortes em 2022 foi por afogamento, responsável por 46 casos (42%), contra 62 do ano anterior.
Brasil
No Brasil, o levantamento da Aldeias Infantis SOS mostra que os acidentes de crianças e adolescentes cresceram quase 8% na comparação com o ano anterior, sendo o maior número desde 2019, período pré-pandemia. Em 2023, foram 119.245 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, contra 109.988 registros em 2022.
Segundo cálculo da Organização, a cada hora, cerca de 13 crianças são internadas por lesões não intencionais, sendo que 90% dos acidentes poderiam ser evitados por meio de ações simples de prevenção e cuidado qualificado. Ainda de acordo com a Aldeias Infantis SOS, os dados indicam que nove crianças morrem todos os dias por causas de acidentes que poderiam ser evitados em 90% dos casos.
No que se refere a óbitos, entre 2021 e 2022, o levantamento observou uma queda de 1% no número de mortes de crianças e adolescentes causadas por acidentes, passando de 3.275 para 3.237. O maior número de óbitos se deu entre crianças de 1 a 4 anos (31%). A principal causa foi sufocação, responsável por 986 casos, sendo que, desse total, 765 (77%) envolveram menores de 1 ano.
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