Amazonas

Em Manaus, PM’s estariam usando viaturas para tráfico de drogas

Pelo quarto ano consecutivo, uma operação do Gaeco, do Ministério Público do Amazonas aponta para possível atuação de agentes das forças de segurança utilizando aparato estatal para cometer crimes

Em mais um escândalo envolvendo forças de segurança pública do Amazonas, seis PMs, entre eles um oficial, foram presos por tráfico de drogas, na manhã desta sexta-feira (14/06/2024). O grupo foi preso após investigação da Operação Audácia, conduzida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM). O caso veio à tona após denúncia telefônica que apontou uma grande quantidade de drogas sendo manuseada por policiais militares no bairro Educandos, Zona Sul de Manaus. 

É a quarta operação pelo quarto ano consecutivo onde forças de segurança são acusadas de usar aparato estatal para cometer crimes. Foram utilizadas imagens de um sistema de segurança comunitário, e cruzamento de dados, o que levou aos oito PMs envolvidos no crime — sendo quatro do Batalhão de Policiamento de Trânsito e outros quatro da 2ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), entre cabos, sargentos e um tenente do quadro administrativo.

Suspeitos respondem por crimes semelhantes 

O promotor de Justiça Armando Gurgel Maia afirmou, com base no material reunido, que os policiais se dirigiram àquela localidade, no dia 17 de maio, e começaram a abastecer uma viatura da Polícia Militar, que estava a serviço do Instituto de Ensino de Segurança Pública.

“Essas pessoas estavam praticando crimes se utilizando do aparato policial, enquanto estavam apreendendo esse material. Foi um ato que foi pego e é possível que tenham praticado outras vezes esse tipo de situação.  Existem policiais aí que já têm outras situações parecidas em andamento na Justiça e, até recentemente, sofreram ações no mesmo sentido”, comentou o promotor Armando Gurgel. 

De acordo com o coronel Nilo Corrêa, diretor do Departamento de Justiça e Disciplina (DJD) da Polícia Militar do Estado do Amazonas (PMAM), será investigada a responsabilidade administrativa desses policiais, em relação à questão disciplinar.

Com três PMs ainda foragidos, a operação Audácia aguarda resultados de outras buscas e demais diligências para concluir a denúncia, inclusive determinando se os oito PMs estavam traficando ou se tratava-se de “arrocho”, isto é, de droga apreendida de outro traficante. 

Situação não é nova

Este não é o primeiro caso de agentes de segurança pública do Amazonas envolvidos em denúncias de formação de quadrilha. Em agosto de 2023, o então secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), general da reserva Carlos Alberto Mansur, foi exonerado após surgir a informação de que ele mantinha uma organização criminosa funcionando dentro do próprio órgão de estado.

Segundo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Amazonas (Gaeco-AM), os membros da quadrilha organizavam diligências com o uso da própria máquina do estado com o objetivo de estorquir dinheiro de criminosos. O MPAM suspeita ainda que havia um posto policial separado especificamente para receber o dinheiro da extorsão. Uma empresa seria utilizada para lavar o dinheiro do esquema em São Paulo, fato que motivou a participação do Gaeco paulista na operação.

Em maio de 2022, a Operação Pundonor apontou a prática de crimes de extorsão envolvendo Policiais Militares e outras pessoas. Foram expedidos seis mandados de prisão e seis de busca e apreensão. De acordo com o Gaeco, entre as prisões efetuadas, há um Oficial da Polícia Militar e os demais são Praças. 

Em maio de 2021, a Operação Arrocho da Lei investigou policiais militares do Amazonas que estariam roubando drogas da facção criminosa Comando Vermelho (CV) e revendendo o material. O nome uma referência ao termo “arrocho”, que consiste justamente no roubo de carga de drogas de traficantes e depois na revenda. Mais de meia tonelada de drogas teriam sido “roubadas” pela quadrilha.


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