A Polícia Federal (PF) realizou nesta quarta-feira (05/06/2024), a Operação Brazilian Cricket para reprimir organização criminosa que atuava no sul do Amazonas. O grupo, segundo a investigação, é constituída por uma família de grileiros, servidores do INCRA e outros operadores, responsáveis pela prática de fraudes em cartórios e em sistemas informatizados da União, além de estelionato e lavagem de dinheiro.
A investigação é um desdobramento da Operação Xingu, que, em agosto de 2023, prendeu grupo de desmatadores, incluindo um dos condenados pelo assassinato da missionária americana Dorothy Stang. Segundo a PF, uma família de grileiros contou com o apoio de um técnico de georreferenciamento, um ex-oficial de cartório e de servidores públicos que manipulavam matrículas de imóveis e sistemas da União para legitimar propriedades privadas localizadas dentro dos limites da Floresta Nacional do Iquiri, no Amazonas.
Em Manaus, os policiais federais estiveram na casa de João Coelho Braga (Braguinha), em condomínio na zona centro-oeste da capital. Braga foi secretário estadual das Cidades e Territórios no primeiro governo de Wilson Lima, no Amazonas, entre 2020 e 2022. Ele acumulou a função também como secretário de Habitação.
Uma das propriedades foi desmembrada e alienada a terceiros, gerando lucro superior a R$ 40 milhões para o grupo, cujos bens estão sendo objeto de sequestro judicial em um total de R$ 100 milhões. Entre os bens constritos, estão imóveis, veículos e uma aeronave.
O líder da organização criminosa e principal alvo da operação é considerado pela Polícia Federal como um dos maiores grileiros atuantes hoje no sul do Amazonas. Estima-se que o grupo tenha grilado mais de 100 mil hectares de terras da União. Outro investigado no esquema, que é ex-oficial de Cartório em Pauini, encontra-se preso em Manaus pelo envolvimento no homicídio de um advogado da família de grileiros, ocorrido no fim de 2023.
Os investigados poderão responder judicialmente pelos crimes de associação a organização criminosa, falsidade ideológica, estelionato, peculato-eletrônico e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão. O material apreendido nas buscas será submetido à análise da equipe de investigação e à perícia criminal, podendo surgir novos fatos e pessoas investigadas.
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