Engrenagens Territórios

Aumento dos incêndios florestais continua degradando Amazônia

Mesmo uma queda de 16% no total de focos de calor e 22% no desmatamento, incêndios em áreas das chamadas “florestas maduras” na Amazônia cresceram 152% em 2023, o que impactou cidades como Manaus, que sofreram com a qualidade do ar

Estudo publicado nesta terça-feira (09/04/2024) na revista científica Global Change Biology alerta que os incêndios em áreas das chamadas “florestas maduras” cresceram 152% no ano passado em comparação a 2022, enquanto houve uma queda de 16% no total de focos no bioma e redução de 22% no desmatamento.

Os pesquisadores detectaram que os focos em áreas florestais subiram de 13.477 para 34.012 no período. A principal causa são as secas na Amazônia, cada vez mais frequentes e intensas. Além dos eventos prolongados registrados em 2010 e 2015-2016, que deixam a floresta mais inflamável e provocam a fragmentação da vegetação, o bioma passa por uma nova estiagem no biênio 2023-2024, o que agravou ainda mais a situação.

Apesar da má notícia, o estudo aponta avanços ambientais positivos conquistados pelo Brasil em 2023 na Amazônia, como a redução de 22% nas taxas de desmatamento e uma queda de 16% na contagem total de incêndios, ambos atribuídos à implementação de uma nova política ambiental. No entanto, o estudo ressalta que os incêndios florestais nas florestas antigas da Amazônia apresentaram um aumento alarmante de 152%, representando desafios significativos para os agricultores tradicionais, afetando a qualidade do ar nas áreas urbanas e exigindo medidas urgentes.

Segundo especialistas, o recente aumento dos incêndios florestais representa uma ameaça à biodiversidade e às reservas de carbono da região. Os incêndios nessas áreas são considerados os principais impulsionadores da degradação ambiental, com o potencial de reduzir significativamente os estoques de carbono na Amazônia no longo prazo. Além disso, a seca prolongada em curso na região está exacerbando a inflamabilidade das florestas, tornando-as mais propensas a incêndios.

Os impactos desses incêndios não se limitam apenas às áreas florestais, mas também afetam diretamente as populações urbanas da Amazônia. Cidades como Manaus têm enfrentado sérios problemas de qualidade do ar, com registros alarmantes de poluição atmosférica. Além disso, as consequências dos incêndios para os habitantes rurais e urbanos da região devem persistir por um longo tempo, com impactos de longo prazo nos territórios e recursos florestais.

Diante desse cenário preocupante, especialistas destacam a necessidade urgente de ações eficazes para combater os incêndios florestais e proteger as florestas amazônicas em pé. Medidas como o reforço das operações de comando e controle, o aumento da capacidade das brigadas de incêndio e a promoção de cadeias de produção livres de incêndios são consideradas essenciais para enfrentar esse desafio.

As florestas amazônicas são reconhecidas como um ativo socioambiental de importância global, desempenhando um papel crucial na regulação do clima e na manutenção da biodiversidade. Portanto, a conservação dessas florestas é fundamental não apenas para o Brasil, mas também para o mundo inteiro. Evitar incêndios destrutivos é essencial para proteger não apenas o meio ambiente, mas também as fontes sustentáveis de renda e o patrimônio cultural da região, garantindo um futuro mais seguro e próspero para todos.


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