Engrenagens

Covid-19, Dengue e Oropouche: Amazonas enfrenta tripla epidemia

Com aumento de 853% nos casos de Covid-19 entre a primeira e a penúltima semana de janeiro, 223 casos de Febre Oropouche e 3.934 casos notificados de dengue, o Amazonas vive atualmente uma tripla epidemia

O último boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto, da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas divulgado esta semana sobre o cenário da dengue no estado apresentou números preocupantes. Pra se ter uma ideia, no período de 1º de janeiro até esta quinta-feira (25/01/2024), foram notificados 3.934 casos da doença.

Embora os números da dengue atualmente já sejam altos, eles devem ser ainda piores em virtude da subnotificação. “Uma parte é pela própria história natural da doença, pois boa parte dos casos de infecção permanecem assintomáticos ou resultam em sintomas leves/moderados o suficiente, para induzir a população, cronicamente mal orientada, a não buscar atenção médica”, explica Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz da Amazônia.

Ainda segundo o pesquisador, outra parte se deve a erros no rastreio ou diagnóstico por profissionais e serviços de saúde, que em regra rotulam como “virose genérica”. “Ou mesmo o inadequado ou inoportuno registro desses casos nos sistemas de informação em saúde. Portanto, sempre que temos aumento expressivo de notificações de casos suspeitos ou confirmados da doença, como agora, podemos supor facilmente que milhares de outros casos já ocorreram e que outros milhares ainda ocorrerão, mas nunca serão computados nos registros oficiais”, avalia Jesem.

Segundo as autoridades de saúde do estado, nenhum óbito pela doença foi registrado no período. Na classificação de municípios do Amazonas com maiores taxas de incidência estão: Lábrea (490,7), Guajará (418,8), Jutaí (416), Tefé (339,2), Envira (327,7), Alvarães (323,2), Carauari (219,4), Iranduba (195,1), Presidente Figueiredo (175,9), Manacapuru (167,6), Rio Preto da Eva (129,1), Manaus (106,4), Coari (104,9), Novo Airão (83,4) e Boca do Acre (83).

Covid-19

O Amazonas enfrenta ainda aumento de casos de duas outras doenças: a Covid-19 e a Febre Oropouche. O estado registrou mais da metade do número de casos de febre oropouche na primeira quinzena de janeiro deste ano, em comparação com todo o ano passado — foram 223 casos da doença nas primeiras duas semanas de 2024, contra 424 registros totalizados de janeiro a dezembro de 2023. Devido ao aumento expressivo de registros, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do estado emitiu um alerta epidemiológico.

Já com relação à Covid-19, a situação epidemiológica referente ao período de 14 a 20 de janeiro de 2024, registra o diagnóstico de 572 novos registros, totalizando 639.913 casos da doença. Em comparação à primeira semana do ano, quando foram diagnosticados 60 casos da doença, houve aumento de 853%. Não há registro de óbito pela doença nos últimos sete dias. O total de óbitos pela doença é de 14.486.

O que causa esse cenário?

Ainda de acordo com Orellana, embora a negligência dos cuidados no nível domiciliar e individual, as falhas do poder público são ainda mais graves. “Ele [poder público] não toma nem medidas mais amplas como investimento robusto e resolutivo em saneamento e nem medidas preventivas específicas para evitar a disseminação descontrolada de larvas dos mosquitos ou um qualificado e oportuno rastreamento de áreas de risco, resultando em inadequado e lento registro/investigação de casos, sobretudo no nível municipal”, lamenta o pesquisador.

Orellana lembra ainda que somando o aumento de casos dengue com os da Febre Oropouche e da Covid-19, o Amazonas enfrenta atualmente três surtos simultâneos. “Não é por acaso que o Amazonas, está mergulhado em uma tripla epidemia (Covid-19, Dengue e Febre Oropouche), em contexto de acelerada degradação ambiental e de crise climática”, alerta o cientista.

Dengue

A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave, dependendo de alguns fatores, como o vírus envolvido, infecção anterior pelo vírus da dengue e fatores individuais como doenças crônicas (diabetes, asma brônquica e anemia falciforme).

Prevenção

A melhor forma de evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. A orientação é a adoção da lista de verificações (check-list) semanal, de 10 minutos de duração, de modo que a população possa agir para identificar os possíveis criadouros, como garrafas, vasos de plantas, pneus, bebedouros de animais, sacos plásticos, lixeiras, tambores e caixas d’água.


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