Engrenagens

Amazonas tem o maior crescimento de homicídios do país

Considerando a última década, o número de homicídios no país seguiu uma tendência ininterrupta de crescimento de 2011 a 2017, ano em que houve 65,6 mil ocorrências

Entre 2016 e 2021, 12 das 27 unidades da federação registraram quedas nas taxas de homicídio superiores a 30%. O Amazonas, no entanto, foi na contramão e teve o maior aumento do país: 34,9%. É o que revela o Atlas da Violência, divulgado pelo divulgada anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Um fator que o tamanho do problema no Amazonas é a guerra entre facções criminosas e aliados regionais no Norte e Nordeste do país que atingiu seu auge em 2017. No ano seguinte, quando o conflito diminuiu, houve redução nas taxas de homicídios exatamente nos estados dessas regiões, sendo que o Acre teve uma diminuição de 63,7% até 2021. Nem isso adiantou: o Amazonas ainda assim teve crescimento dessas mortes de 3,2% no período.

Mulheres

A violência contra a mulher também deixa o estado em zona preocupante no Atlas. Sete Unidades da Federação tiveram crescimento na taxa de homicídios de
mulheres nos últimos cinco anos. A notícia é ainda mais negativa quando se olha para o período mais recente, entre 2020 e 2021, no qual quatorze UFs apresentaram crescimento na taxa de mulheres assassinadas. O maior crescimento, nesse período foi justamente no Amazonas: aumento de 48,2%.

Armas de fogo

No ano de 2021, o país registrou um total de 33.039 homicídios por armas de fogo. Isso corresponde a uma taxa de 15,4 mortes por armas de fogo para cada 100 mil habitantes. Nove UFs apresentaram variação positiva (aumento) em relação a 2020, merecendo destaque: novamente o Amazonas (53,6%), seguido do Amapá (37,2%), Rondônia (33,2%), Mato Grosso do Sul (27,0%) e Piauí (26,9%).

Indígenas

Em 2020, totalizando 193 homicídios, os estados que mais registraram mortes violentas de indígenas foram Amazonas e Roraima (43), seguidos por Mato Grosso do Sul (34) e Pará (14).Considerando os dados de 2019 a 2021, Amazonas, Roraima e Mato Grosso do Sul se mantêm como áreas alarmantes de conflitos letais contra indígenas.

Ao mesmo tempo em que são os estados com maior número de homicídios, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Roraima também se destacam como aqueles com maior número de suicídios. Somados, morreram nesses três estados, em 2021, 110 indígenas, apenas em decorrência de homicídio e suicídio.

No Amazonas, são apontadas as mudanças culturais no regime de uso das terras indígenas, simultâneas à urbanização e deslocamento de indígenas para as cidades, que levam ao maior consumo de álcool e outras drogas, bem como a conflitos entre gerações.

Dados nacionais

Em sete estados – Acre, Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Sergipe – a redução foi de mais de 40%. Considerando apenas o período entre 2020 e 2021, houve quedas robustas no Acre (33,5%), Sergipe (20,3%) e Goiás (18%). Já os maiores aumentos foram anotados no Amazonas (34,9%), Amapá (17,1%) e Rondônia (16,2%).

A publicação tem como base principalmente dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), ambos sob gestão do Ministério da Saúde. Também são levados em conta os mapeamentos demográficos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A série histórica de homicídios foi atualizada incluindo os dados de 2021, ano em que houve 47.847 ocorrências segundo consta no SIM. Esse número corresponde a uma taxa de 22,4 mortes por 100 mil habitantes. O índice caiu em relação a 2020, mas ficou em patamar acima do anotado em 2019.

Considerando a última década, o número de homicídios no país seguiu uma tendência ininterrupta de crescimento de 2011 a 2017, ano em que houve 65,6 mil ocorrências. A partir daí, houve queda em 2018 e em 2019, alcançando o patamar de 45,5 mil casos. Uma nova alta foi observada em 2020, com 49,8 mil assassinatos. Finalmente em 2021, foram 47,8 mil registros. Dessa forma, apesar da queda na comparação com o ano anterior, os dados ainda mostram um patamar acima do verificado em 2019.

A diminuição das taxas de homicídio ocorreu em praticamente todas as regiões do país, com exceção da região Norte. Cinco estados – Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – registraram índices abaixo de 19,9 por 100 mil habitantes. Já as maiores taxas – entre 35,5 e 52,6 por 100 mil habitantes – foram observadas no Amazonas, Roraima, Amapá, Ceará e na Bahia.

Com informações da Agência Brasil

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