Amazonas Opinião

Wilson Lima dá declaração absurda pra tirar foco de problemas

Wilson Lima não é idiota. Por trás do vídeo sobre Jeff Bezos e a Amazon, existe a omissão na crise ambiental, as dúvidas sobre empréstimos bilionários e falta de pagamento do funcionalismo, além do medo do novo Procurador Geral da República

O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) viralizou na internet ao afirmar que a Amazon se apropria do nome do estado e, por conta disso, ele pediria ajuda financeira ao multibilionário Jeff Bezos (ex-dono da empresa) para manter a floresta em pé. Mas por trás de uma declaração estúpida, há mais esperteza do que se possa imaginar. E também receio do novo Procurador Geral da República.

Wilson Lima não é idiota. Resta saber o motivo desse tipo de atitude. A hipótese mais provável é desviar o foco da sua comprovada omissão nas duas maiores crises das suas gestões, além das dúvidas a respeito da saúde financeira do estado, que pede empréstimos bilionários enquanto não consegue pagar serviços básicos do funcionalismo.

Teatro na COP28

Neste momento, o governador se encontra na Conferência da ONU sobre o Clima, a COP28, onde provavelmente apresentará projetos com pomposas promessas voltadas ao meio ambienta elaboradas por competentes equipes de marketing. Mas, na vida real, sua gestão – de forma proposital ou não – atrasou o quanto pode o contato com o governo federal para tratar das queimadas recordes no estado em 2023.

Além da destruição ambiental, certamente Wilson Lima não falará em Dubai sobre sua campanha sem qualquer pudor pela BR-319 e a exploração de potássio em terras indígenas de Autazes pela Potássio do Brasil, dois projetos que terão gravíssimas consequências ambientais se aprovados. Antes disso, sempre vale lembrar, sua gestão também atrasou medidas de emergência que poderiam ter evitado o colapso do oxigênio em janeiro de 2021, em Manaus.

Contas sob suspeita

Outro motivo que poderia fazer o governador tentar a todo custo criar cortinas de fumaça são as contas do estado. Conforme o Vocativo antecipou, foram feitos pedidos de empréstimo que, somados, ultrapassam R$ 2,5 bilhões. A explicação oficial seria a genérica de sempre: “investimento em projetos de infraestrutura, meio ambiente e geração de renda”.

Na prática, no entanto, servidores contratados para as áreas de saúde e educação estão sem receber há meses. O calote e a péssima infraestrutura básica fez quinze cooperativas médicas diminuírem atendimentos na rede pública hospitalar até que o pagamento seja feito, coisa que não há qualquer sinal de que vá acontecer tão cedo. Isso desperta a suspeita de que, tais empréstimos seriam, na verdade, para tapar buracos e pagar o funcionalismo.

É sempre importante lembrar que as contas do governador em sua primeira gestão demoraram quase três anos para serem apreciadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM). E quando isso finalmente aconteceu, em 2021, foi descoberto que o governo ultrapassou 0,65% do limite especificado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), problema também identificado no exercício de 2020.

Novo PGR

Mais um motivo para tirar atenção de potenciais problemas é a escolha do novo Procurador Geral da República, Paulo Gonet. Tido como conservador e lavajatista, Gonet seria o oposto do benevolente Augusto Aras, acusado de omissão por diversos setores da opinião pública.

Vale lembrar que foi a vice de Aras, Lindôra Araújo, a grande pedra no sapato do governador Wilson Lima nos escândalos da Operação Sangria, em 2020. Um procurador com perfil mais truculento, que cobre, por exemplo, do Ministério Público do Amazonas uma atuação minimamente atuante, poderia gerar novas investigações contra a atual gestão do executivo estadual.

“Se fingir de louco”

O fato é que, uma investigação mais atenta e imparcial certamente encontrará muitas coisas a serem explicadas pelo governador. Se Wilson Lima usou a famosa frase “se fingir de louco” pra desviar o foco dos seus problemas, só o tempo dirá. Ele pode se esconder na parcela da imprensa amazonense que o protege, mas diante de um novo escândalo nacional, sem a proteção do bolsonarismo na presidência da república, a situação é bem diferente.


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