Amazonas

Queimadas: Região Metropolitana de Manaus teve aumento em 2023

Pesquisadores compararam dados de queimadas no Pará em outros anos de El Niño e perceberam que mesmo quando registraram grande quantidade de focos, Manaus não ficou coberta por fumaça. Já a Região Metropolitana de Manaus teve aumento em 2023

Entre os meses de setembro e novembro, a população do Amazonas conviveu com péssimos índices de qualidade do ar por conta de fumaças provenientes das queimadas na floresta. Embora o problema esteja inserido dentro do contexto maior da crise climática na Amazônia, o fato que é a região metropolitana de Manaus contribuiu de forma decisiva para essa fumaça. E agora surgiu mais um elemento para comprovar isso.

Um argumento utilizado foi que a fumaça não seria do nosso estado, mas vindo das queimadas no Pará. A tese já foi rebatida pelo levantamento dos cientistas Lucas Ferrante e Philip Fearnside, publicado divulgado no Vocativo há duas semanas. Agora, outros dois cientistas do Amazonas observaram dados históricos do próprio Pará e concluíram que essa tese não faz sentido.

Um bom ponto de partida é olhar para 2015, ano do último grande El Niño. Naquele ano, também ocorreu muita fumaça na cidade de Manaus. Um dado interessante é que 19,5% dos alertas no estado do Amazonas estavam concentrados na Região Metropolitana de Manaus.

“Em comparação, no ano de 2022, a Região Metropolitana respondeu por 7,5% e, em 2023, 14,4% dos alertas. Mas, se olharmos os dados absolutos, este paralelo fica mais claro ainda. Em 2015 foram 2.617 focos na Região Metropolitana, contra 1.593 em 2022 e preocupantes 2.780 em 2023”, afirma Tiago Müller Schwade, doutor em Geografia Humana pela USP e mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela UFAM.

“Ainda que nossos vizinhos tenham um número de alerta de queimadas bem maior que o nosso – foram 37.434 neste ano, ante os 19.272 do estado do Amazonas – é preciso observar que, em 2004, o Pará registrou 74.214 focos e que eu me lembre Manaus não se encheu de fumaça como agora”, afirma Luiz Augusto Schwade, bacharel em estatística pela UFAM, mestre em ciências aplicadas à hematologia UEA/Hemoam e Secretário municipal do meio ambiente e sustentabilidade de Presidente Figueiredo.

Observando os municípios da Região Metropolitana, os pesquisadores observaram que, apesar da redução das queimadas no estado do Amazonas, quando comparados com 2022, praticamente toda a região metropolitana teve aumento. “Estes dados, aliado ao trabalho recém-publicado pelo pesquisador Philip Fearnside, nos dão uma forte suspeita de que grande parte do problema está na própria Região Metropolitana”, afirma Tiago Schwade.

Para os pesquisadores, a melhor maneira de evitar o cenário de 2023 se repita no próximo ano é trabalhar com a ciência e o planejamento adequado. “Precisamos, analisar os dados que temos disponíveis, que não são poucos, diga-se de passagem. A partir deles, precisamos planejar, tomar ações e analisar novamente os dados para planejar mais um ciclo de medidas”, sugerem.


Descubra mais sobre

Assine para receber os posts mais recentes enviados para o seu e-mail.

2 comentários

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Descubra mais sobre

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue lendo