Amazônia Amazonas

Queimadas: Amazonas só acionou a União após visita de Ministra

Segundo documentos obtidos pelo Vocativo via Lei de Acesso à Informação, a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas só acionou o governo federal sobre as queimadas quando a ministra Marina Silva esteve em Manaus. Bombeiros pediram equipamentos 20 dias antes

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (SEMA) só acionou o governo federal para tratar das queimadas e da fumaça na região no dia 04 de outubro, quando a situação já era extremamente grave. A data coincide exatamente com a viagem oficial da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, a Manaus.

É o que mostram uma série de documentos obtidos com exclusividade pelo Vocativo via Lei de Acesso à Informação (LAI), conforma abaixo. O site encaminhou pedido após mensagem da Secretaria de Estado da Comunicação (Secom) na plataforma X afirmando que outras pastas haviam acionado o governo federal sobre as queimadas, mas não especificou quais. Na resposta da Sema, o primeiro ofício para a União é o de 04 de outubro.

O Corpo de Bombeiros do estado enviou o pedido de itens como capacetes, balaclavas, óculos, máscaras e outros para proteção dos combatentes de incêndios no dia 15 de setembro, enquanto o encaminhamento para o Ministério de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA) só foi enviado no dia 04 de outubro. Os dois mil kits de combate a incêndios do Prevfogo/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) chegaram  13 dias depois, no dia 17 de outubro.

Kits de combate a incêndios do Prevfogo/Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) chegaram no dia 17 de outubro. Foto: Mauro Neto/Secom

Em postagem nas redes sociais no dia 04 de novembro, o governo afirma que enviou mais de 30 contatos e documentos oficiais à União, mas não mencionou que fez isso apenas exatamente um mês antes, no dia 04 de outubro. Na ocasião, a situação já era crítica e os índices de focos de queimadas no estado já haviam batido recordes.

Meses de crise climática

Entre os meses de agosto e novembro, as queimadas no estado bateram recordes e diversas cidades ficaram cobertas de fumaça, derrubando a qualidade do ar. Vale lembrar que um mês antes, o Vocativo havia antecipado que o problema da fumaça na capital ainda iria piorar.

Ainda em outubro, o Vocativo divulgou com exclusividade que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) não enviou nenhum ofício para tratar sobre a estiagem extrema no estado a qualquer órgão da administração federal em todo o ano de 2023. A informação foi obtida também via pedido Lei de Acesso à Informação.

Em outra notícia exclusiva do site, a Associação Amazonense de Municípios (AAM) afirmou que governo do Amazonas não repassou recursos para os municípios do interior combaterem os efeitos das queimadas este ano. Alguns equipamentos enviados pelo governo federal para essa finalidade só foram entregues com mais de um mês de atraso as ações.

Segundo boletim do Comitê de Intersetorial de Enfrentamento à Situação de Emergência Ambiental, divulgado neste domingo (26/11/2023), todos os 62 municípios amazonenses estão em situação de emergência. Segundo dados da Defesa Civil, o Amazonas tem 598 mil pessoas afetadas até o momento pela seca severa, ou 150 mil famílias. 


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