Amazonas

UFAM perdeu 15% do orçamento durante gestão Bolsonaro

A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) registrou um crescimento significativo do ponto de vista financeiro, entre os anos 2000 e 2019. Nesse período, o seu orçamento cresceu 128%, passando de R$ 534 milhões para R$ 1,22 bilhão. Mas entre 2020 e 2022 houve uma queda de 14%, chegando no ano passado a R$ 1,04 bilhão. Valor equivalente a esse é encontrado em 2016, quando o governo federal aportou R$ 1,06 bilhão na instituição.

Em 2021, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) investiu o menor valor desde 2004 no Amazonas: R$ 5,5 milhões. O ‘recorde negativo’ foi registrado em 2002, com FHC: R$ 1,1 milhão. O pico dos investimentos foi em 2015, no segundo mandato de Dilma Rousseff: R$ 24,5 milhões.

Em números absolutos, o ponto mais alto dos dispêndios em despesas correntes na UFAM foi sob o governo Dilma, em 2014, com R$ 170 milhões. O ponto mais baixo nos últimos treze anos foi em 2021, sob Bolsonaro: R$ 82 milhões – valor que representa um retorno a 2009, com Lula: R$ 90 milhões.

Em nível nacional, houve movimentos semelhantes. Entre 1999 e 2019 foram inauguradas 29 universidades federais, passando de 40 instituições para 69 – crescimento de 73%. O montante destinado a elas subiu de R$ 28,2 bilhões em 2000 e atingiu o pico de R$ 61,2 bilhões em 2019 – aumento de 116%. Porém, em 2022 regrediu para R$ 53,2 bilhões – queda de 14%. Com isso, houve um retorno a valores inferiores a 2013 (R$ 54,9 bi), com um agravante: há dez anos eram 63 universidades federais – seis a menos do que no ano passado.

“Com seu grande crescimento, o sistema universitário federal se tornou mais suscetível às políticas governamentais para o setor”, analisa a professora Soraya Smaili, ex-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou Ciência), vinculado a essa universidade. “No governo Fernando Henrique houve o início de uma evolução, que se acentuou bastante nos governos Lula e Dilma. Com Michel Temer o ritmo diminuiu e sob Bolsonaro passou a ocorrer um grave retrocesso”.

Soraya observa ainda que ao reduzir os orçamentos, Bolsonaro iniciou um processo de deterioração das universidades no momento que elas estavam em pleno processo de criação ou expansão e precisavam se consolidar. Para a coordenadora do Sou Ciência, um número exemplifica o governo do ex-presidente frente ao sistema federal de educação superior: em abril deste ano o MEC contabilizou a existência de 364 obras paralisadas nas universidades e institutos federais em todo o país.


Descubra mais sobre

Assine para receber os posts mais recentes enviados para o seu e-mail.

1 comentário

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Descubra mais sobre

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue lendo