Amazônia

El Niño e aquecimento do oceano deve prolongar estiagem

A região Norte do Brasil passa atualmente por uma das maiores secas registradas nos últimos anos. Manaus, por exemplo, registrou nesta segunda-feira (16/10/2023) a mínima histórica do Rio Negro. E a tendência é que essa estiagem se prolongue além do usual, atrasando para o fim de novembro e início de dezembro a chegada do período úmido e das chuvas.

Dados da empresa de consultoria meteorológica Climatempo mostram que esta é a segunda maior seca desde a registrada sob influência do fenômeno do aquecimento das águas do oceano Pacífico, em 2009-2010. “O El Niño que estamos vivenciando é um dos mais intensos dos últimos anos e está impactando significativamente os padrões climáticos na região Norte do Brasil. O agravante é que este fenômeno ocorre agora de forma conjugada ao aquecimento dos oceanos Atlântico Norte, e não apenas da elevação de temperaturas do Pacífico Equatorial, ao qual o El Niño está associado”, afirma Willians Bini, meteorologista e Head de comunicação da Climatempo.

A região Norte do Brasil passa atualmente por uma das maiores secas registradas nos últimos anos

Esta conjunção de fatores, na análise da Climatempo, deve atrasar o período úmido na região Norte, prolongando a estiagem. Segundo Bini, no final de novembro, com a chegada das chuvas, a situação deve melhorar no Norte, mas as indicações são de que, ainda assim, a estiagem deva persistir por todo o verão de 2023/2024. , enquanto na região Sul a previsão é de mais chuvas.

“Temos observado repercussões cada vez maiores para a economia e a sociedade locais por conta da elevação das temperaturas, da diminuição das chuvas e da consequente estiagem, o que requer das empresas um monitoramento mais apurado sobre o que se pode esperar do clima nos próximos meses”, ressalta Bini.

Abastecimento e o transporte de produtos

A seca já está afetando profundamente a economia e a vida das comunidades da região Norte do País. Rios locais, como o Negro, Amazonas e Tapajós, frequentemente usados como hidrovias para o escoamento de commodities do agronegócio e produtos da Zona Franca de Manaus, estão com seus níveis de água muito baixos devido à estiagem e já provocam problemas logísticos para a navegação de grandes cargueiros e barcaças. “O escoamento dos grãos de soja e milho deve sofrer até a volta das chuvas. Agricultores podem enfrentar rendimentos mais baixos, perdas financeiras e incertezas”, afirma Bini.

Outro setor que está sofrendo com as condições meteorológicas na Amazônia é o de energia. A estiagem está afetando a geração hidrelétrica local devido à queda de vazão dos rios, especialmente do Rio Madeira. E o atraso do período úmido para o fim de novembro e início de dezembro agrava o alerta no setor.

Outra consequência da seca para a população da região Norte é a escassez de água. Com acesso limitado aos recursos hídricos, as comunidades locais deverão ter mais dificuldades de acesso a este recurso, o que prejudica a alimentação e os cuidados com a higiene, além de criar condições para o surgimento de doenças associadas ao calor.

Empresas devem se preparar

A Climatempo enfatiza a necessidade de uma preparação abrangente das empresas para desastres climáticos, gestão eficiente de recursos e estratégias adaptativas para enfrentar os desafios colocados pelo El Niño e pelos efeitos das mudanças climáticas.

Bini destaca que os clientes da Climatempo foram alertados do El Niño e dos impactos que o fenômeno traria para a região, o que os ajudou a traçar estratégias para mitigar as consequências da estiagem sobre suas operações.

“O clima influencia diretamente inúmeras atividades. Com um El Niño dessa intensidade, as empresas com atividades no Norte do País devem ter mais atenção às análises meteorológicas, o que vai além das previsões de curto prazo do clima. Isto pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso para os negócios”, alerta Bini, ao destacar que a Climatempo disponibiliza uma série de serviços de previsão e monitoramento do clima que podem apoiar as empresas e os governos cujas atividades são diretamente impactadas pelo clima.

Com informações da Climatempo


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