Opinião

2022: o ano mais importante da democracia brasileira

Eu sei que todos estamos cansados. Ainda que você não tenha tido perdas na sua família nesses dois anos de pandemia, a menos que você não seja dono de banco ou ruralista, sua vida certamente piorou. Seja por outras perdas pessoais ou por sofrer diretamente ou testemunhar tanta morte, fome e destruição ambiental ao seu redor. E mesmo estando no limite, 2022 vai exigir toda nossa energia. Isso porque ele nos oferece a oportunidade de nos livrarmos em uma das fontes dos nossos problemas: Jair Messias Bolsonaro. O problema é que isso não será fácil.

Eu sei e você sabe que se Bolsonaro não tivesse sido eleito presidente do Brasil 2018, nossa vida hoje não seria perfeita, mas certamente seria melhor. E isso precisa ser dito em voz alta. Quem quer que fosse o eleito entre os outros candidatos, seja de esquerda ou de direita, teria tornado esse momento pelo qual passamos menos difícil. O bolsonarismo não é uma corrente ideológica. É a destruição da civilização e a normalização da barbárie. E precisamos encará-lo dessa forma.

O bolsonarismo trabalha para destruir a sociedade em nome do individualismo selvagem. Por isso pegou todos os aspectos negativos do nosso cotidiano e os extrapolou, incluindo uma pandemia. Por isso tivemos um governo que trabalhou pela propagação de um vírus mortal, pela destruição do meio ambiente, pela destruição da democracia, pelo direito de portar armas para impor sua vontade nem que seja ameaçando e tirando vidas humanas, trabalhando pela imposição religiosa via judiciário e a intolerância contra minorias. Isso não pode ser normalizado. Ele precisa ser neutralizado. Nesse ponto, tenho uma boa e uma má notícia pra você.

A boa notícia

Primeiro, a boa notícia: podemos recuperar o comando do estado das mãos desses indivíduos. Como a mobilização pelo impeachment falhou, só nos restam as urnas. E, ainda que isso represente um fracasso nosso enquanto sociedade, representa também uma oportunidade. É preciso trazer todo o malefício que o bolsonarismo nos causou nestes quatro anos e expor para a sociedade, em horário nobre. E mais importante: é preciso derrotá-lo, humilhá-lo dentro das regras da democracia.

Quem vai ser eleito faz pouca diferença. À exceção do ex-ministro do governo Bolsonaro, Sérgio Moro (assunto pra outro dia), os outros representam campos da nossa democracia com os quais podemos conviver. Você pode gostar ou não gostar dos perfis ou planos de governo de Lula, Dória, Alckmin, Ciro, Boulos, Meireles, mas com nenhum deles teremos de nos preocupar com um governo trabalhando contra a vacinação de uma doença mortal ou tramando golpes de estado. Aí vem a má notícia.

A má notícia

O problema é que isso não será fácil. Ainda que Lula confirme seu favoritismo ou algum candidato democrata faça uma coalizão que lhe garanta a vitória, tornar essa mudança real será outro desafio. O estado foi aparelhado por forças antidemocráticas que não aceitarão sair do poder passivamente.

Por isso é muito preocupante que eleitores do PT ou que simplesmente não aguentem mais as insanidades de Bolsonaro já estejam se preparando para a posse de Lula no final de 2022 como se isso fosse um fato consumado. Na vida e na política, certezas costumam nos pregar peças.

Uma palavra de esperança

Em todo caso, desejo a você um ano de saúde e paz, na medida do possível. Se esse ano ainda não é o que gostaríamos, acho que essa virada parece melhor que a anterior. Já é alguma coisa. Fique bem, se possível. Descanse. Se nos mantivermos alertas e firmes, podemos começar a ver uma luz no fim do túnel desse caminho tão difícil. Feliz ano novo, amigos…

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