Em abril de 2020, o Vocativo publicou um texto sobre como a reação de Bolsonaro às manifestações golpistas que ele participava mostravam muito mais fraqueza do que força. Mais de um ano depois, fica mais do que provado que esses eventos só servem para massagear o ego de um presidente cada vez mais inseguro.
Há alguns meses, os robôs bolsonaristas do Gabinete do Ódio lançam hashtags com a frase “Eu Autorizo” nas redes sociais. É claro que essa “autorização” se refere a um golpe de Estado, que poderia permitir a Bolsonaro governar sem prestar contas a ninguém, como um ditador. E essa expressão tem estado presentes nessas manifestações.
Aqui vale um parêntesis: essas manifestações já possuem várias denúncias de serem financiadas, até por reunirem caravanas de pessoas levadas de diversas partes do país, tendo inclusive recursos como aviões com faixas. E tudo isso custa muito dinheiro. Resta saber quem está pagando.
Mas, voltando ao tema central, mesmo com apoio no Exército e nas Polícias Militares (ainda é preciso quantificar o tamanho) e a “autorização expressa” dos seus seguidores, Bolsonaro nada faz. São semanas “autorizado” com nada acontecendo. Veio inclusive uma CPI contra seu governo (por força do Supremo Tribunal Federal) e nada. Enquanto isso, seu grande adversário político (que retornou após julgamento no mesmo odiado STF) dá sinais de que realmente poderá vencê-lo nas Eleições de 2022.
Isso significa que a volta do PT não é mais uma simples hipótese, mas uma possibilidade real. Ou seja, na cabeça dos bolsonaristas: “Lula voltou graças ao STF”. Em tese, esse deveria ser o estopim, a motivação que faltava para passar da “autorização” para a “ação”. Mas, como sempre, nada acontece. E no momento em que surgem mais e mais denúncias de corrupção contra Bolsonaro, cresce a suspeita de que ele só se mantém na presidência por causa de acordos nada republicanos com o Centrão.
No fim das contas, apesar de toda a pompa e propaganda de testosterona dos passeios de moto, esses eventos que reúnem os delirantes bolsonaristas acabam não passando de massagem no ego de Bolsonaro. Isolado internacionalmente, com desaprovação recorde do seu governo, sem partido e incapaz de reunir votos para seu partido, o presidente tem todas as razões para se sentir inseguro.
Por muito tempo, acreditou-se que Bolsonaro fazia declarações absurdas e delirantes para a sua plateia para tentar mantê-la motivada e engajada. Eu mesmo acreditei nisso. Mas, começo a suspeitar que é justamente o contrário. É ele quem precisa dela para se sentir menos ameaçado. Afinal, mesmo tendo a caneta, a “autorização” e o “seu exército”, nada acontece. Talvez falte força. Talvez falte coragem. Ou os dois.
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