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Fabricante de vacina comprada pelo governo Bolsonaro é acusada de fraude na Índia

Segundo reportagem da CNN americana, a vacina Covaxin, imunizante contra a Covid-19 produzido pela empresa de biotecnologia Bharat Biotech, pode ser proibido na Índia após acusação de fraude nos estudos. Vale lembrar que o composto acaba de ser comprado pelo governo Bolsonaro sem licitação e sem resultados de fase 3, que determinam o grau de proteção que ele oferece.

Segundo a reportagem, moradores da cidade de Bhopal teriam recebido 750 rúpias para tomar a vacina. No entanto, relatos de alguns participantes sugerem que a equipe médica do People’s Hospital, que estava realizando o estudo, pode não ter explicado que apenas alguns deles receberiam uma vacina – o chamado grupo placebo. Tal manobra violaria as regras de ensaios clínicos da Índia, que exigem consentimento informado de todos os participantes.

Isso levanta questões sobre a qualidade dos dados do ensaio, e especialistas como Amar Jesani, editor do Indian Journal of Medical Ethics, temem que isso possa levar à hesitação da vacina entre alguns grupos na Índia, que relatou mais Covid-19 casos do que qualquer outro país, exceto os Estados Unidos. O estudo da Fase 3 da Covaxin envolveu quase 26.000 pessoas em 26 locais, incluindo o Brasil. Cerca de 1.700 só em Bhopal.

Dezenas de participantes do ensaio em Bhopal disseram à CNN norte-americana que não sabiam que estavam participando de um ensaio clínico. Outros quatro sabiam que faziam parte de um julgamento, mas dizem que não entenderam o que isso significava.

Questionada pela emissora, a Bharat Biotech, o ICMR e o Hospital Popular negaram qualquer irregularidade. O órgão regulador de medicamentos da Índia, o ministério da saúde do país e o comitê de ética que supervisiona as investigações da denúncia em Bhopal não comentaram as alegações.

Compra sem licitação

O Ministério da Saúde assinou na última quinta-feira (25) contrato para compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin da Precisa Medicamentos/Bharat Biotech. O investimento total foi de R$ 1,614 bilhão na compra da vacina produzida na Índia.

Com a justificativa de “agilizar” o processo de compra de novas doses de vacinas, o Ministério da Saúde dispensou o uso de licitação para a compra dos imunizantes.

Segundo a pasta, as primeiras 8 milhões de doses do imunizante devem começar a chegar em março, em dois lotes de 4 milhões a serem entregues entre 20 e 30 dias após a assinatura do contrato.

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