Quatro políticos do Amazonas se destacaram na produção de conteúdo falso ao longo de 2023 segundo relatório do projeto Amazônia Livre de Fake coordenado pelo Intervozes e mais 14 organizações amazônidas. O levantamento mapeou 32 figuras públicas em 2023 com objetivo de identificar quais os tipos de desinformação são disseminadas e como se dá a circulação e o financiamento desse ecossistema nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará.
Plínio Valério (PSDB), o agora Secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb) do Amazonas, Fausto Jr (que na época era deputado pelo União Brasil), Adail Filho (Republicanos) e Capitão Alberto Neto (PL) foram os políticos que mais desinformaram no Amazonas. Dois deles (Plínio e Fausto) aparecem entre os seis que mais desinformaram.
Foram levantadas 53 desinformações no Amazonas. No estado, há um forte movimento de desinformação contra ONGs e ambientalistas, bem como a disseminação de discursos que retratam militares como defensores da Amazônia.
Nas postagens, a principal figura pública atacada é Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, principalmente pelos deputados Adail Filho (Republicanos/AM) e Capitão Alberto Neto (PL/AM). Os ataques referem-se ao posicionamento da ministra em relação à pavimentação da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).
Todos os parlamentares monitorados no projeto utilizaram o Facebook e o Instagram para tratar da questão socioambiental. Plínio Valério (PSDB/AM) é o parlamentar com maior atuação multiplataforma no estado, tendo publicado sobre o tema em cinco das seis plataformas analisadas. Além dele, apenas o Capitão Alberto Neto (PL/AM) possui grupo/canal no Telegram. Todos os parlamentares que possuem perfil no TikTok (sete dos nove) fizeram publicações sobre a pauta socioambiental.
Apesar de quase todos terem um canal no YouTube, nenhum deles mencionou a questão nessa plataforma. Algumas postagens são patrocinadas na plataforma Meta Ads por sete dos nove políticos, porém nem todas continham desinformação. O maior investimento no período ocorreu no perfil de Plínio Valério, cujo valor foi de R$1.696,00 em quatro anúncios com desinformação ambiental, alcançando 310 mil visualizações.
Desinformação em série
No total de políticos monitorados, 28 deles publicaram 192 postagens com desinformação. Os políticos também investiram R$ 13 mil de recursos públicos em 68 anúncios com temática socioambiental que possuíam desinformação, obtendo mais de 4,5 milhões de interações nas postagens.
A partir desses resultados, foi feito o ranking de seis políticos que mais divulgaram desinformação, financiaram esses conteúdos e praticaram ataques ou disseminaram discurso de ódio. Nesta soma de violações ao direito à comunicação, alguns políticos também descumpriram o artigo 54 da Constituição Brasileira, que não permite que esses representantes sejam proprietários de mídia.
O top seis da campanha Político Desinformante é formado por: Plínio Valério, Fausto Jr., Delegado Caveira (PL/PA), Amália Barros (PL/MT) – falecida em maio deste ano – Eder Mauro (PL/PA), Abilio Brunini (PL/MT). A campanha Político Desinformante foi uma ação resultante da pesquisa para dar visibilidade a figuras públicas de representação política que violam o direito à comunicação.
Desinformação embasa leis
A transformação do discurso de desinformação em projetos de leis foi algo identificado na pesquisa, indicando a problemática de quando falsas informações acabam por embasar o ordenamento jurídico do Estado e do país.
É possível citar a aprovação do Marco Temporal pelo legislativo ou, em âmbito estadual, o Projeto de Lei 4.183/23, apresentado em setembro pelo deputado Coronel Assis (PL/MT), que busca perseguir o MST com a obrigação de criação de um CNPJ para eventuais responsabilizações. E a Lei 12.342/23 que proíbe a queima de maquinários utilizados em desmatamento ilegal, que rendeu muita desinformação em campanha coordenada no MT.
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